Byung-Chul Han (2023) – A contemplação é oposta à produção

A contemplação é oposta à produção. Ela se relaciona com o indisponível como algo já dado. O pensar está sempre recepcionando. A dimensão da dádiva no pensar (Denken) faz dele um agradecer (Danken). No pensar como agradecer, a vontade se resigna (abdanken) inteiramente: “O espírito nobre paciente seria um puro repousar-em-si de toda vontade que, recusando o querer, entregou-se àquilo que não é uma vontade. O espírito nobre seria a essência do pensar e, assim, do agradecer” (GA13:68).

A “reflexão” de Heidegger repele a total disponibilização que faz de tudo alcançável, calculável, controlável, condutível, dominável e consumível. Na digitalização, a disponibilização alcança um novo patamar. Ela suprime a própria facticidade ao totalizar a produtibilidade. A ordem digital não conhece nenhum fundamento indisponível do ser. Seu lema enuncia: ser é informação. A informação o torna inteiramente disponível. Se tudo é rapidamente disponibilizável e consumível, não se forma nenhuma atenção profunda, contemplativa. O olhar vagueia ao redor, como o olhar de um caçador. Perde-se, assim, qualquer ponto de referência sobressaliente no qual podemos nos demorar. Tudo é aplainado e submetido a necessidades de curto prazo. (ByungVC)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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