Byung-Chul Han (2024) – O sábio existe situacionalmente

O fato de o caminhante não deixar rastros também tem um significado temporal. Ele não insiste nem persiste. Antes, ele existe na atualidade. Uma vez que caminha “sem direção”, ele não segue o tempo linear ou um tempo histórico que se estende ao passado e ao futuro. A ocupação, que Heidegger eleva a traço fundamental da existência humana, está ligada precisamente a esse tempo estendido, isto é, histórico. O caminhante não existe historicamente. Assim, “ele não se ocupa” (bu si lu, 思盧) e “não faz planos nem traça estratégias” (bu yu mou, 不豫謀, Z. Livro 15). O sábio não existe nem retrospectiva nem prospectivamente. Ao contrário, ele vive presentemente. Ele habita em cada presente, mas o presente não tem a agudeza e a resolução do instante. Mais uma vez, o instante está ligado à ênfase e à resolução do agir. O sábio existe situacionalmente. Mas o situacional se distingue da “situação” heideggeriana. Esta repousa sobre a resolução da ação e do instante. Na “situação”, o Dasein se apropria resolutamente de si mesmo. Ela é o instante supremo da presença. O caminhante habita em cada presente, mas não permanece, pois a permanência possui uma referência aos objetos forte demais. O caminhante não deixa rastros precisamente porque habita sem permanecer. (ByungA)

Excertos de

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

Twenty Twenty-Five

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