No modo grego de pensar, za significa o surgimento [Aufgehen] integral em meio aos modos de surgir e aparecer [Erscheinen], como, por exemplo, no irromper [Hervorbrechen]. Não é por acaso que a raiz za esteja ligada a palavras [107] que, como theos e ménos, significam resplandecimento [Hereinblicken], penetração [Hereinschauen], irrupção [Hereinbrechen]. Está também ligada ao “fogo” [Feuer] e ao “brilho” [Glanz], ao “crescimento” [Wachstum], à “tempestade” [Sturm], zao, zen significam nada mais do que surgir para… [Aufgehen zu], desabrochar [Sichaufschliessen], abrir-se para o aberto [Sichöffnen dem Offenen]. Esse significado fundamental de zen e zoe permite interpretar imediatamente, na proximidade do dizer poético, a essência do que traduzimos por “vida” [Leben] como brilho da luz do sol. Homero diz com toda simplicidade: zen kai oron phaos heelioi — viver, ou seja, ver a luz do sol [sehen das Licht der Sonne]. Para os antigos gregos as palavras fundamentais zoon e zoe nada têm a ver com a zoologia [Zoologie] e nem mesmo com a biologia [Biologie] em seu sentido mais amplo. Do mesmo modo, a palavra fundamental [Grundwort], physis, nada tem a ver com o que se chamou posteriormente de físico [Physischen oder Physikalischen]. O que a palavra grega zoon evoca está infinitamente distante do que se pensou modernamente acerca do animal [Tier]. Basta lembrar que os gregos chegaram a chamar os deuses [Götter] de zoa. Evocando, em seu sentido originário, o que surge e se acha presente em seu surgir [die Aufgehenden und im Aufgang Anwesenden], esse nome se adequa à essência dos deuses gregos que são os compenetrantes do olhar [Hereinblickenden] e, assim, os que aparecem [Erscheinenden]. Os gregos chamam também as imagens dos deuses de zoa, ou seja, aquilo que de si mesmo se mostra e surge para o aberto. [GA5MSC:107-108]