ἐντελέχεια
NB: a vis activa é também caracterizada como entelecheia, aludindo-se a Aristóteles (cf. p. ex. Système Nouveau, § 3). Na Monadologia (§ 18) é assim formulada a razão para tal designação: “car elles ont en elles une certaine perfection (ekhousi to enteles)”, “pois as mônadas têm em si certa perfeição [Perfektion], carregam em si, de certa maneira, uma perfeição, na medida em que cada mônada, como se irá mostrar, já carrega consigo seu elemento positivo, e, na verdade, de maneira tal que este, segundo sua possibilidade [Möglichkeit], é o próprio universo [Universum]”.
Esta interpretação [Deutung] da entelecheia não corresponde à verdadeira tendência de Aristóteles. Por outro lado, assume Leibniz esta expressão com novo significado em sua Monadologia.
Já no Renascimento entelecheia é traduzido com o sentido que Leibniz lhe dá: perfectihabia: A Monadologia cita (§ 48) Hermolaus Barbaras como tradutor. Este Hermolaus Barbaras traduz e comenta, no Renascimento, Aristóteles e o comentário de Themistius (320-390) e precisamente com a intenção de afirmar o Aristóteles grego contra a escolástica medieval. Sem dúvida, sua obra esteve ligada a grandes dificuldades. Conta-se que ele — na carência e perplexidade [Not und Verlegenheit] diante da significação [Bedeutung] filosófica do termo entelecheia — invocou o diabo [Teufel] para lhe prestar esclarecimentos [Aufschluss]. [MHeidegger:206-207; GA9:84]