Respondendo a interlocutor que o interpela sobre seu “remar contra a correnteza” em termos de “História da Filosofia”, Eudoro de Sousa afirma seu:
“… meu decidido e radical antipositivismo, ou seja, a oposição (proveniente, talvez da minha irredutível subjetividade) a tudo quanto, de longe ou de perto, lembre a tão famosa quanto funesta lei dos três estados: evolução do pensamento humano, articulado na sucessão de (1) religião ou teologia (mito), (2) metafísica ou pensamento lógico-discursivo e (3) ciência experimental ou teórica. Não vejo, nunca vi, e desafio que me demonstrem e convençam de que, na Grécia histórica (desculpe! é o meu referencial favorito), as três não estejam e não sejam sempre co-presentes e co-agentes, e que se possam apagar todos os vestígios de um colóquio entre elas, que pode e deve ter sido bastante fecundo e produtivo, mesmo nos momentos não raros em que ele degenerou em áspera polêmica. Portanto, a tal «originalidade», a que V. se refere, talvez se reduza apenas a certa acuidade com que descubro e denuncio o positivismo latente em «Histórias da Filosofia», cujos autores indignadamente repudiariam a acusação, mas que, sem consciência disso, vão, descuidados, ao sabor da corrente.