Ricoeur (1965:III.1.3) – carne

detalhe

O último corolário do teorema da intencionalidade é a noção fenomenológica de corpo próprio ou, na linguagem dos últimos escritos de Merleau-Ponty, a noção de carne. Quando se pergunta como é possível que um sentido exista sem ser consciente, o fenomenólogo responde: o seu modo de ser é o do corpo, que não é nem eu nem uma coisa do mundo. O fenomenólogo não está a dizer que o inconsciente freudiano é corpo; está apenas a dizer que o modo de ser do corpo, na medida em que não é nem uma representação em mim nem uma coisa fora de mim, é o modelo ôntico de qualquer inconsciente concebível. Não é a determinação vital do corpo, mas a ambiguidade do seu modo de ser que é exemplar. Um sentido que existe é um sentido tomado num corpo, é um comportamento significante.

original

RICOEUR, Paul. De l’interprétation essai sur Freud. Paris: Editions du Seuil, 1965.

Heidegger – Fenomenologia e Hermenêutica

Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro

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