Heidegger procura circunscrever a dimensão constituinte da vis, do Drang, da pulsão, distinguindo-a: a) do processo mecânico espontâneo; b) da esfera biológica que (desde a hexis: estado, característica, ter uma disposição, de Aristóteles) facilmente se insinua quando se fala de força, instinto, pulsão; e determinando-a transcendentalmente: a) suprimindo pela auto-reflexão a passividade que se poderia presumir na pulsão; b) sugerindo, pela auto-referência, a atividade característica desta disposição originária. A alusão ao surto originário de si mesmo, sem que se sugira passividade, não permite que se determine como objeto o que está em questão. É um esforço de arrancar a linguagem de seus fundamentos, porque ela sempre para, fixa, põe, propõe, estratifica. Trata-se, em última instância, da busca quase obsessiva de um dizer não-objetivante, de um dizer que se encoste nas coisas, permaneça junto a elas e assim as mostre. Seria um dizer em que nada se põe, propõe e representa como objeto. Retorna sempre a ideia heideggeriana da recuperação originária da coisa, do levá-la a mostrar-se, a presentar-se sem que seja representada, petrificada como objeto de uma proposição. É, no fundo, o elemento modal do método fenomenológico. (Ernildo Stein, nota em MHeidegger)