“O espírito da vingança (Der Geist der Rache); meus amigos, até agora isso foi o melhor do pensamento reflexivo (Nachdenken) do homem; e, onde havia sofrimento (Leid), ali devia sempre estar o castigo (Strafe)”.
Vingança, vingar, wirken, urgere, dizem: empurrar, impelir, perseguir, emboscar (Rache, rächen, wreken, urgere heißt: stoßen, treiben, verfolgen, nachstellen). O pensar perseguindo (Nachdenken), o representar do homem habitual é determinado pela vingança, pelo emboscar (Nachstellen). Agora, porém, se Nietzsche quer afastar-se do homem habitual e do seu representar e quer transcender (hinubergehen) rumo a um outro homem, superior, qual então é a ponte que conduz ao caminho de uma travessia (Hinubergehen)? Em que, então, Nietzsche pensa quando procura essa ponte para conseguir chegar lá ao super-homem (Übermenschen), afastando-se do último homem (letzten Menschen)? O que é que esse pensador (Denker) verdadeiramente e unicamente pensava, também então pensava, quando não o expressava em cada ocasião, e não do mesmo modo a cada vez? Nietzsche dá a resposta à nossa pergunta na mesma segunda parte de “Assim falou Zaratustra”, no parágrafo “Das tarântulas”. Aí faz Zaratustra dizer:
“Pois que o homem seja libertado da vingança: isto para mim é a ponte para a suprema esperança (Hoffnung) e um arco-íris depois de muitas tempestades”. (GA8:89-90)