ursprünglich

ursprünglich, originaire, originário, primordial, anfänglich

A originalidade de um pensamento não consiste na descoberta de assim chamados “novos pensamentos”. A autêntica originalidade consiste na força de conceber pensamentos pensados, sustentar o concebido e desenvolver o que assim no velamento se suportou. Então os pensamentos atingem por si mesmos a esfera a que pertencem, a dimensão daquilo a que chamo o “originário”. Então cresce a autêntica paixão do pensamento, a paixão pelo inútil. Então cresce a compreensão de que um pensamento é autêntico pensamento, se não precisa de utilidades e nem de comparação com o que possa ser útil. HEIDEGGER, Martin. Trecho do discurso pronunciado por Heidegger em ocasião de seu septuagésimo aniversário, a 26 de setembro de 1959, ao lhe ser conferido o título de cidadão honorário de sua cidade natal, Messkirch. (Apud: STEIN, Ernildo. Introdução ao Pensamento de Martin Heidegger. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011, p. 11-12).


Ocorre com frequência em Ser e Tempo em sentido que combina prioridades ontológicas, avaliatórias e eventualmente históricas. (Inwood)


VIDE: ursprünglich


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originaire
primordial

NT: Primordial (ursprünglich), 10-11, 16-17, 86, 87fn, 94, 123-124, 127, 130-131, 230-235, 303-308, 314-317, 322-334, 435-437, et passim; most p. determination of Da-sein, 143; most p. knowing, 153; truth, 219-226 (§ 44b), et passim; temporality, 323-331 (§ 65), et passim. See also Deficient; Derivative (BT)


Ursprünglich siempre se traduce como “primordial” en la traducción estándar. Esto es adecuado cuando Heidegger está hablando de lo “más primordial”, queriendo decir “más cercano a la fuente”. Sin embargo, cuando ursprünglich se utiliza para significar ser la fuente, yo lo traduzco como originario. (Dreyfus)


Springen, “pular, saltar”, era originalmente “surgir, elevar-se, rebentar”, e aplicava-se especialmente a nascentes ou fontes de água. Sprung, “pular, saltar”, já significou uma ” nascente, fonte”. O verbo erspringen, ” brotar, jorrar, emanar”, foi atualmente suplantado por entspringen, “levantar, erguer-se, brotar de etc.”, mas o substantivo correspondente, Ursprung, sobrevive com o sentido de “origem”. Esta palavra originalmente significava “brotar/emanar, fonte (esp. de água)”. (Ur- era originalmente er-, “diante”, tendo passado a significar “original, primordial”; Ursprung pode, assim, ser tomado como “salto original, primordial”.) Ursprünglich, “originário, inicial, primeiro; natural, intacto, ‘de muitos recursos’”, foi usado primeiramente pelos místicos, mas ficou comum no século XVIII sob a influência do francês original. Ursprunglich(keit) não significa “original(idade)” no sentido de “novidade, excentricidade”. Sugere “primitivo, primevo, primordial”. Ursprung aproxima-se de Herkunft, “origem, extração, linhagem, lit., de onde algo provém”, mas Heidegger as distingue (cf. GA12, 7/143, 64s/202).

Ursprünglich ocorre com frequência em SZ, em um sentido que combina as prioridades ontológicas, avaliatórias e algumas vezes (implicitamente) históricas. Pensamento, interpretação etc. são ursprünglich à medida que descobrem (ou indagam acerca de) um fenômeno etc., ursprünglich. Acaso é a nossa visão de dasein como cuidado, pergunta Heidegger, uma interpretação ursprüngliche de Dasein? Qual é o nosso critério para Ursprünglichkeit?, originariedade? O que queremos dizer com isso? Ele responde que uma interpretação ontológica só é ursprünglich se: 1. a “situação hermenêutica”, cf. nossa posição prévia, visão prévia e concepção prévia conformam-se ao fenômeno; 2. nossa posição prévia abarca a totalidade do ente sob consideração; 3. nossa visão prévia nos concede não somente um “primeiro esboço do ser do ente, mas considera-o “no que diz respeito à unidade das suas atuais e possíveis características estruturais” (SZ, 23 ls). A interpretação feita por Heidegger de Dasein em sua “cotidianidade mediana” preenche unicamente a condição 1. Ela falha em 2, já que abrange apenas um breve espaço de tempo do caminho percorrido pelo Dasein entre nascimento e morte. Ela falha em 3, já que considera Dasein unicamente em sua inautenticidade ou neutralidade, sem explicar a autenticidade ou mesmo a sua possibilidade. As duas falhas estão conectadas: somente o Dasein autêntico examina a si mesmo como um todo, e a interpretação (conceituai) de Dasein dada pelo filósofo é guiada pela própria interpretação de si (não-conceitual) de Dasein. Ao discernir a “autêntica habilidade de ser um todo (Ganzeinkönnen)” de Dasein, o filósofo revela o “ser original” de Dasein, descobrindo que a temporalidade é o “solo originalmente ontológico da existencialidade de Dasein”, já que somente a temporalidade de Dasein explica a “totalidade estrutural articulada” do cuidado (cura), e de fato “constitui o sentido original do ser de Dasein” (SZ, 235). Ursprünglich é aqui próximo a “fundamental”: uma teoria ou interpretação “fundamental” incluem o todo do interpretandum, revelam sua natureza “fundamental”, e explicam aspectos secundários em sua função. O “original”, por exemplo, a temporalidade finita, é algumas vezes contrastado com o “derivado (abgeleitet(e))”, por exemplo, a temporalidade infinita (SZ, 330s). (DH)