Tag: Zarader

  • É neste ponto que se impõe uma nova distinção. A primeira consistia em dissociar o começo da origem, com o fim de mostrar (33) que o pensamento (das Denken) devia ultrapassar este em direção àquela. A segunda consiste em dissociar, no interior do pensamento da origem, duas das suas modalidades possíveis, correspondendo a duas finalidades…

  • Desde sempre, a «lógica»1 apresenta-se como a «doutrina do pensamento correcto»2 que, enunciando as regras do comportamento pensante, determina o que deve ser o pensamento. Mas verificar, (204) sem mais, este parentesco de facto entre o pensamento e a lógica apenas pode conduzir a descrever a nossa história (admitida como evidente) e não a esclarecê-la…

  • A segunda parte da aula O que chamamos pensar? (GA8) — que pode aqui ser considerada como texto de referência — segue um movimento de conjunto especialmente revelador. Desde a primeira aula, estamos confrontados com a «clivagem»: apresentando os múltiplos sentidos da sua interrogação, Heidegger distingue logo entre a determinação do pensamento que tem, desde…

  • No caso do pensamento, a situação inverte-se. De facto, Heidegger parte bem, num primeiro tempo, do pensamento (visto metafisicamente como lógico) ao logos inicial; e desvia-se de facto, num segundo tempo (nem que fosse apresentado como provisório) da meditação do logos para se deixar conduzir no sítio original do (221) pensamento através do Gedanc alemão.…

  • Voltemos então as duas aulas (GA60) de Fribourg sobre as quais detemos informações suficientemente conscientes. Quais são os conceitos do Novo Testamento que interessam então Heidegger, e no que se torna esse interesse na obra posterior? A maior parte da aula de 1920 é consagrada a meditar duas epístolas de São Paulo: a Primeira aos…

  • Ora é precisamente Heidegger que Lévinas coloca o mais longe possível do seu próprio pensamento e dos ensinamentos bíblicos. (175) A leitura que propõe é singular. Bem longe de distinguir entre a tradição ontológica e a crítica radical que Heidegger apresenta, ele considera pelo contrário a sua obra como o local onde se junta e…

  • O Erörterung apresenta várias características paralelas às do Ort. Já notámos na anterioridade do local, em relação a tudo aquilo que concede: o local e a origem, o aquilo a partir de onde. De facto, o primeiro traço da situação, será que ela se orienta para a condição de possibilidade. Essa linguagem — marcada pelo…

  • Primeiro a definição. É balizada por três vocábulos chave, que só encontram a sua ressonância no alemão: die Erklärung (a explicação), die Erläuterung (a elucidação ou o esclarecimento), die Erörterung (a situação)1. A explicação é o modo de pensamento dominado pelo princípio da razão, modo de pensamento que encontra o seu pleno desenvolvimento na ciência…

  • (…) Viver é viver num mundo, numa linguagem, num sentido. Quer este sentido seja ou não tematizado, quer este mundo seja ou não objeto de uma apreensão explícita, ambos estão sempre pressupostos em cada objetivo de conhecimento, implícitos em cada palavra — em suma, estão sempre presentes ao mesmo tempo que o ato de existir.…

  • O que é, então, o horizonte, e porque é impossível passar sem ele? Husserl propõe uma resposta dupla que, em Ideias, pode parecer uma e a mesma, mas que se tornará dupla no resto da obra. No primeiro sentido, o horizonte é pensado como o fundo de toda a experiência: o objeto da consciência implícita…