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  • O conteúdo e a data da “virada” (Kehre) de Heidegger continuam sendo objeto de muito debate. Argumentarei que é necessário distinguir vários sentidos distintos, embora complexamente inter-relacionados, da virada. O próprio Heidegger, às vezes, prefere falar da Kehre como pertencente à própria matéria (Sachverhalt), em distinção do que ele chamou de “uma mudança ou virada…

  • (…) se quisermos seguir o caminho de Heidegger para repensar a vontade, temos de pôr em causa de forma mais radical o pressuposto tradicional de que a vontade é simplesmente uma “faculdade do sujeito”. Para começar, e se fosse verdade o contrário — que a subjetividade é antes, por assim dizer, uma “faculdade da vontade”?…

  • “Essência” designou, antes de mais nada, aquilo que se encontra no ser próprio de um indivíduo como o que ele é. Mas cada um desses “o quê” ele é, pode ser “posto em ideia”. A intuição empírica ou individual pode ser convertida em visão de essência (ideação) — possibilidade que também não deve ser entendida…

  • Substituímos, pois, a experiência por algo mais geral, a “intuição” e, com isso, recusamos a identificação de ciência em geral com ciência empírica. Aliás, é fácil reconhecer que defender essa identificação e contestar a validez do pensar eidético puro leva a um ceticismo que, como ceticismo autêntico, suprime-se a si mesmo por contra-senso.1 Basta perguntar…

  • A Psicologia das visões de mundo de Jaspers espera estabelecer o horizonte da totalidade da vida psíquica humana localizando suas “situações-limite”. O homem se destaca, de acordo com Jaspers, “em certas situações decisivas e essenciais que estão ligadas ao ser humano como tal e são inevitavelmente dadas com a existência finita (Da-sein)” (J, 229). Para…

  • Uma abertura que abraça o ser-no-mundo em sua plenitude e sempre antecipa a totalidade do mundo para que o ente possa emergir e aparecer — o que isso significa senão que a compreensão, como um projeto, forma o que é chamado de visão (die Sicht, SZ:146)? Com isso queremos dizer a abertura original que surge…

  • O propósito de Merleau-Ponty é pôr em evidência uma articulação original e, em última análise, uma quase-identidade do visível e do invisível. O invisível não é o outro de um visível concebido como inerentemente positivo, mas aquilo que, para preservar a sua distância, o seu poder significante, se torna visível; o visível, por sua vez,…

  • […] Que significação conceder a este primado da visão? É certo que “o nosso mundo é principalmente e essencialmente visual; não se faria um mundo com perfumes ou sons”; no entanto, esta preeminência não se limita a esta constatação factual. Refere-se sobretudo ao fato de ser apenas através da visão que temos acesso ao mundo…

  • Não se pode chamar de experiência como tal o ponto de partida dos sentidos e de seus dados. Também aprendemos a ver como os dados de nossos sentidos articulam-se cada vez em contextos interpretativos. O mesmo acontece com a percepção — que toma algo por verdadeiro — que já interpretou os testemunhos dos sentidos antes…

  • Ao contrário, quanto mais clarividente se nos torna o lento desenvolvimento do pensamento husserliano, através da evolução de sua grande tarefa, vai se tornando mais claro que, com o tema da intencionalidade, institui-se uma crítica cada vez mais radical ao “objetivismo” da filosofia anterior — incluindo a Dilthey — que deveria culminar na exigência de…