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  • Na corrente da consciência que constitui nossa vida no mundo, o eu se mantém como algo idêntico através da multiplicidade mutável do devir. Quaisquer que sejam os traços que a vida imprime sobre nós, modificando nossos hábitos e nosso caráter, mudando constantemente o conjunto dos conteúdos que formam nosso ser, um invariável permanece. (103) O…

  • Essencialmente, e não pelo efeito de uma queda ou de uma degradação, o pensamento, que o idealismo nos habituou a situar fora do espaço, está aqui. O corpo excluído pela dúvida cartesiana é o corpo objeto. O cogito não chega à posição impessoal: “há pensamento”, mas à primeira pessoa do presente: “sou uma coisa que…

  • 1) não é realizada por indivíduos quaisquer, mas por “singulares”, dis-tintos. Esses singulares, porém, pertencem como traçados ao seer, ainda menos do que toda e qualquer “comunidade” eles nunca são “por si” “de maneira ego-ísta”. 2) A experiência fundamental, por isto, também não é “realizada” no sentido de que seria ideada, imaginada e levada a…

  • A animalidade do homem (ζῷον, animal) conquista agora a sua vitória; o que não significa que agora tudo é pensado “animalescamente”. Por ser inequivocamente tosco, algo deste gênero também permaneceria inofensivo. Dizer que a animalidade vence significa: “corpo vital” e “alma” como as determinações iniciais e constantes (como quer que venhamos a concebê-las) do animalesco…

  • O “instante” é o repentino da queda de tudo aquilo que é fundável e que ainda resta sem ter sido jamais fundado na clareira do seer. O “instante” é o repentino do levante do homem em meio à insistência no entre dessa clareira. O “instante” não possui nada em comum com a “eternidade” do ente…

  • Há, sem dúvida, no galicismo “l’être” um recurso francês que, por si só, nos impede de considerar o Dasein como simplesmente intraduzível. Mas também podemos ver imediatamente a acumulação de mal-entendidos a que este equivalente conduziria num livro inteiramente centrado na questão do “sentido do ser” (Sinn von Sein). Não podemos, portanto, deixar de renunciar…

  • Sublinho este valor de Unheimlichkeit, que há anos tento mostrar aqui que desempenha um papel essencial e tão decisivo como o valor de walten, mas que é tão pouco notado pelos leitores mais astutos de Heidegger. Ora, esta referência à Unheimlichkeit, tão difícil de traduzir, por outras razões, como walten (estranheza inquietante, estar fora de…

  • (…) Como certamente já se aperceberam, esta questão do poder é importante para mim, e creio que é necessário dar-lhe uma atenção especial por duas razões. Por um lado, na tradição dominante do tratamento dos animais pela filosofia e pela cultura em geral, a diferença entre os animais e os homens foi sempre definida segundo…

  • A partir do momento em que interpretamos qualquer manifestação relacionando-a com um sujeito, por exemplo, qualquer “ação” relacionando-a com um agente, qualquer “efeito” relacionando-o com uma “causa”, postulamos também implicitamente que “tudo o que acontece se comporta predicativamente em relação a um sujeito”. A atribuição do acontecimento a um substrato ôntico é acompanhada por uma…

  • Como vimos, nós tratamos do tédio, não de uma tonalidade afetiva qualquer. Se tomamos agora todo este estudo como uma orientação fundamental sobre a essência do homem, então precisamos dizer inicialmente que, em meio à discussão do tédio, aproximamos efetivamente de nós uma tonalidade afetiva, talvez mesmo uma tonalidade afetiva fundamental do homem. No entanto,…