Tag: Husserl

  • A referência universal de tudo o que é concebível para um eu à vida da sua consciência é, sem dúvida, bem conhecida já desde Descartes como um fato filosófico fundamental e dela se fala muito, em particular na época moderna. Mas não serve de nada filosofar por alto sobre este tema e esconder esta referência…

  • Compreender a geometria e um fato de cultura dado em geral é já estar consciente da sua historicidade, ainda que de maneira «implícita». Mas isto não é uma locução vazia, pois é verdadeiro de maneira completamente universal, para todo o fato dado sob o título «cultura», trate-se da mais baixa cultura, relativa às necessidades vitais,…

  • O desacordo fundamental entre a fenomenologia, tal como Husserl a quis legar àqueles que considerava seus discípulos, e a fenomenologia, tal como Heidegger pretendeu abri-la às possibilidades que nela existem, é a questão do solo, ou seja, a origem da subjetividade. Como nota J.-F. Courtine, “é a questão do solo (Boden) que é decisiva para…

  • Tomando a descoberta da temporalidade extática, não hesitamos em concordar com o veredito de Heidegger: “Husserl explora questões que são decididamente metafísicas”. [Continuidade metafísica do tempo, e não descontinuidade existencial; preeminência do presente, e não do futuro; retenção e protenção, e não “ter-sido” e “vir-a-ser”; corrente temporal (Zeitstrom), e não o triplo “fora de si”…

  • A primazia dada por Husserl à visão (…). Os conteúdos eidéticos dão-se a ver (através de uma visão produtiva, é verdade, e não de uma visão simples e direta), isto é, subsistem perante o olhar, para o olhar. Isto continua a ser verdade mesmo que Husserl descreva frequentemente o sujeito que percebe como se movendo…

  • O conceito husserliano de consciência aponta, por sua vez, para a Vorhandenheit. Os conteúdos eidéticos geram evidência através (78) e para a vida da consciência. Uma vida objetivante, porque ela própria é um contexto de fundação objetivamente subsistente. Não consistirá a redução eidética, e mais ainda o recuo transcendental husserliano, em desenterrar, uma vez mais,…

  • A filosofia de Husserl pode ser caracterizada da seguinte forma: 1) Husserl apresenta a fenomenologia como “a aspiração secreta” da filosofia, da filosofia moderna em particular. A filosofia sempre se estabeleceu no campo da fenomenologia sem estar ciente disso. 2) Para Husserl, será sempre uma questão de trazer à luz a verdade fenomenológica daquilo que…

  • Em primeiro lugar, é verdade que o principal autor de referência para os Grundformen é Heidegger. Mas é igualmente verdade, embora menos óbvio, que o pensamento binswangeriano deve seus insights fundamentais tanto a Heidegger quanto aos fenomenólogos menos conhecidos que o precederam no estudo do significado ontológico da afetividade: essa foi nossa observação inicial. Em…

  • Em um manuscrito muito notável, escrito de fato apenas alguns anos antes da palestra de Heidegger, Husserl se refere à Terra de uma forma que lembra (xii) (sem intenção, sem dúvida) a determinação de Hegel dela como o indivíduo universal: “Para todos, a Terra é a mesma Terra”.1 Essa mesmidade é tão radicalmente pensada por…

  • É claro agora que, de fato, ao contrário da atitude teórica natural cujo correlato é o mundo, uma nova atitude deve ser possível, a qual, mesmo quando toda a natureza física foi posta fora de circuito, deixa subsistir algo, a saber todo o campo da consciência absoluta. Portanto, em lugar de viver ingenuamente na experiência…