Tag: Graham Harman
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Para Heidegger, mundo não significa mais a unidade da natureza e da história, nem algo criado por Deus, nem mesmo a soma de todas as coisas presentes. Em vez disso, o mundo é uma convocação que relaciona mundo a coisa e coisa a mundo. Mundo e coisa não estão lado a lado como realidades separadas,…
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Este livro começa com um comentário pouco ortodoxo sobre o pensamento de Martin Heidegger e termina com um esboço do que será chamado de “filosofia orientada a objetos”. Definir esta frase e mostrar como ela surge inevitavelmente a partir dos insights básicos de Heidegger é uma tarefa que é melhor deixar para o corpo do…
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(…) A dualidade entre a coisa como algo específico e a coisa formaliter marca uma dualidade nas próprias aparições (Erscheinung), e não é algo que simplesmente nos aparece em um determinado estado de espírito ou no início de um “começo grego” especial. Por essa razão, a realidade anteriormente descrita sob o nome de “ferramenta quebrada…
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Os ser-ferramentas (ou seja, todos os entes) recolhem-se ao trabalho de um fundo despercebido; sua fachada sensível não é o que é primário. Na medida em que o contexto referencial domina, o ente não tem regiões. Dissolvidas em um efeito geral de utensílio, os entes desaparecem em um sistema único de referência, perdendo sua singularidade.…
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(…) Saber como revelar entidades de fora da esfera do mundo-da-vida, diz ele, é o princípio básico da fenomenologia. (GA56-57) Mas é aqui que algo completamente inesperado acontece. Heidegger nos diz que há dois tipos de teorização.1 Por um lado, diz ele, podemos exibir entidades de uma forma que se preocupe com sua vinculação a…
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Somente reconhecendo o domínio mais extremo da oposição ‘ferramenta (Zuhandenheit) X ferramenta quebrada (Vorhandenheit)’1 no pensamento de Heidegger é que ganhamos uma ânsia genuína por qualquer coisa que possa escapar dela. Essa é a razão pela qual os comentaristas anteriores ignoraram o tema que será discutido agora. Até agora, apresentei Heidegger como incapaz de romper…
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A questão restante é se há alguma diferença entre terra (Erde) e deuses (Gott) e, da mesma forma, alguma diferença entre céu (Himmel) e mortais (Tod). Se cada par consiste apenas em ocultação (Verbergung) ou não ocultação (Entbergung), podemos abandonar com segurança o Geviert de Heidegger e retornar ao dualismo simples da análise inicial da…
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Se terra e céu (art4572) apenas repetem um dualismo já conhecido por nós, os deuses e os mortais parecem apresentar um par mais complicado. O primeiro desses termos é apresentado da seguinte forma: “Os deuses são os mensageiros insinuantes da divindade. De fora do domínio oculto desta última, o deus aparece em sua essência, o…
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Chegou o momento de nos voltarmos diretamente para a própria exposição de Heidegger sobre o Geviert, começando com a terra e o céu. Com relação à primeira: “A terra é a portadora servil, florescendo e frutificando, espalhando-se em rochas e água, elevando-se em plantas e animais”. O céu é introduzido com o mesmo entusiasmo: “O…
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A próxima característica importante do utensílio é sua totalidade. O utensílio nunca é encontrado isoladamente, mas pertence a um sistema: “Tomado estritamente, não existe algo como um utensílio. Para o ser de qualquer utensílio, há sempre uma totalidade de utensílios, na qual ele pode ser esse utensílio que é.” (BTMR:97) Aqui, novamente, há o perigo…