Tag: GA12
-
P — Porque agora vejo ainda mais nitidamente o perigo de que a língua de nossa conversa destrua continuamente a possibilidade de dizer o que estamos discutindo. J — É porque a própria língua repousa sobre a distinção metafísica entre sensível e não-sensível, uma vez que os elementos fundamentais, fonema e grafema, de um lado,…
-
O solitário não se isola na dispersão a que todo abandono está confinado. O solitário sustenta a alma na unicidade, recolhendo-a no uno e conduzindo assim sua essência para a travessia. Solitária, a alma é alma em travessia. O ardor de seu coração anima-se a sustentar numa travessia o peso melancólico do destino — e,…
-
E não só isso. No solo da arrancada grega para interpretar o ser, formou-se um dogma que não apenas declara supérflua a questão sobre o sentido de ser, como lhe sanciona a falta. Pois se diz: “ser” é o conceito mais universal e mais VAZIO. Como tal, resiste a toda tentativa de definição. Esse conceito…
-
Überwindung der Metaphysik Quando se falar assim, no desenvolvimento da questão da verdade do ser (Wahrheit des Seins), de uma superação da metafísica, isto então significa: Pensar (Andenken) no próprio ser (Sein selbst). Um tal modo de pensar ultrapassa o pensamento atual que não pensa no chão em que se desenvolve a raiz da filosofia.…
-
P — Eu admiro o quanto o senhor percebe o modo de ser dos caminhos do pensamento. J — Dispomos de uma longa experiência. Essa não se transformou porém numa metodologia conceituai que destrói toda a vitalidade dos passos do pensamento. Ademais, o senhor mesmo me deu oportunidade de ver com maior nitidez o caminho…
-
A intimidade de mundo e coisa vigora no corte do entre, vigora na di-ferença (Unter-schied). A palavra di-ferença foge aqui de seu uso habitual e comum. O termo “a di-ferença” não diz uma categoria genérica para várias espécies de distinções. A di-ferença aqui nomeada é só uma. E única. Por si, a di-ferença mantém em…
-
O lugar de chegada convocado na evocação é uma vigência que se abriga na ausência. Nessa chegada, a evocação nomeadora chama as coisas para que elas venham até nós. Chamar é convidar. A evocação convida as coisas de maneira que estas possam, como coisas, concernir aos homens. O cair da neve traz os homens para…
-
A evocação convoca. Desse modo, traz para uma proximidade a vigência do que antes não havia sido convocado. Convocando, a evocação já provocou o que se evoca. Provocou em que sentido? No sentido da distância onde o evocado se recolhe como ausência. Provocar é evocar uma proximidade. Mas evocar é retirar o que se evoca…
-
Todo mundo sabe que um poema é uma imaginação poética. O poema tece imagens poéticas mesmo quando parece descrever alguma coisa. Poetizando, o poeta imagina algo que poderia existir realmente. Ao poetizar, o poema representa numa imagem o que imaginou. É a imaginação poética que se exprime na fala do poema. O que se diz…
-
O que é esse nomear? Será apenas atribuir palavras de uma língua aos objetos e processos conhecidos e representáveis como neve, sino, janela, cair, tocar? Não. Nomear não é distribuir títulos, não é atribuir palavras. Nomear é evocar para a palavra. Nomear evoca. Nomear aproxima o que se evoca. Mas essa aproximação não cria o…