Tag: Ferreira da Silva

  • Qual seria nossa surpresa se encontrássemos, ao abrir uma obra de filosofia, um capítulo dedicado não às formas puras, mas às formas ctônicas da Geografia! É certo que não acharíamos, de golpe, senso algum nessa aproximação, pois que concordâncias estabelecer entre as descrições objetivas e isentas da Geografia e o vulcanismo da alma, entre os…

  • A mitologia é a abertura de um regime de fascinação. Ela não pode ser compreendida, como querem muitos, a modo de qualquer criação imaginativa ex homo, ou como qualquer projeção psicológica da mente inconsciente da humanidade. Todo o complexo humano, consciente ou inconsciente, é descerrado simultaneamente com o descerrar-se da totalidade do ente, a partir…

  • Encontramos aqui uma verdadeira doutrina da liberdade e da libertação para a alma oprimida do homem. É a doutrina das Ideias que desempenha essa função desopressiva e arejante, comovendo as muralhas da finitude e dilatando o espaço de nosso exercício espiritual. Essas Ideias, historicamente tão famosas, não devem ser compreendidas como noções abstraídas das realidades…

  • A ciência sempre se revestiu de uma serena atmosfera de insenção e de imparcialidade relativamente ao objeto de seu estudo. Dizia ela não pretender mais do que auscultar a linguagem forte e sincera das coisas, captando a sua confissão mais íntima. Apesar dessas demonstrações de equilíbrio e de objetividade, há muito tempo que a reflexão…

  • Nesse capítulo dos hábitos, devemos incluir o que em sentido lato poderíamos dominar “hábitos sociais”, conjunto de formas consuetudinárias de comportamento e compreensão humanas. Em grande medida recebemos a vida feita, pois o nosso eu social é um princípio anônimo e objetivo, uma estrutura que independe de nós e que vestimos para nos enquadrar num…

  • O espírito fluvial do rio através do leito das coisas. Entretanto, parece que não é o rio que flui nas coisas, mas as coisas que fluem no rio, heracliteanamente. Na urdidura líquida das águas aparecem estranhas figuras e desenhos bizarros que não detêm o seu fluir, mas que deslizam no tempo desse Tempo. Esse rio…

  • O demoníaco é a escravidão que se quer a si mesma, é o horror à liberdade, a crispação contra todas as potências que podem retirar o homem de seu abismo. O demoníaco é uma espécie de ontofobia que se expressa através dos mais variados sintomas, todos concordantes, entretanto, em impedir que se estabeleça outra vez…

  • A elaboração do problema do fundamento metafísico do humanismo segue uma linha crítica, procurando Heidegger mostrar que a essência do homem, concebida a partir da metafísica tradicional, nada mais expressa do que o esquecimento do ser (Seinsvergessenheit). “O esquecimento do ser”, diz Heidegger, “manifesta-se em que o homem só vê e elabora as coisas. Mas…