Tag: Ferreira da Silva

  • (…) Essa experiência, porém, em que se tornam exânimes e indiferentes as coisas que mais de perto nos concernem não é senão o fenômeno da angústia (Angst). Somente angustiando-nos é que podemos, de certa forma, libertar-nos da oclusão nesse cenário ontomórfico do errar (Irren). O que experimentamos realmente no transe da angústia é a irrupção…

  • Todos os estados afetivos (Stimmung), como sabemos, determinam a abertura de um espaço de operações possíveis. Há uma compreensão envolta na abertura afetiva. Essas experiências que analisamos anteriormente (a angústia, a náusea, o tédio) nos facultam uma compreensão e uma experiência da verdade esquecida do Ser. Obrando como forças contrarrestantes da dinâmica própria do errar,…

  • A experiência de que os mortos caem, enquanto nós continuamos a evoluir no tempo que para nós continua, é, no fundo, um sentimento da propulsividade de nossa vontade e desejo vital, que vai projetando novos tempos e novos horizontes para o nosso comportamento vital. O tempo é uma forma ativa. Como já havia notado Guyau,…

  • Toda a realidade meramente fática e sensível do mundo só pode anunciar-se por contraposição a essa transcendência própria do sujeito, como uma corrente contrária à corrente ascendente da liberdade. Ao lançar-se em busca de si mesmo, o homem vê-se encerrado e envolto num mundo, exilado no sensível. Como muitos filósofos já pressentiram e procuraram extenuadamente…

  • É certo que na relação básica em que o homem ocidental se colocou face às coisas, a relação sujeito-objeto (sendo ele sempre um sujeito diante de ou contra um objeto), a própria transcendência do sujeito reduziu o mundo à pura res extensa. A negatividade do sujeito, o não-ser-objeto (negar de si a objetividade) como superação…

  • Assim como a vida não se desenrola num cenário já dado, mas é, ela mesma, uma eclosão de cenas, assim também o processo teogônico não transcorre num mundo físico-natural prefixado, mas é também uma total configuração da realidade. Podemos, portanto, estabelecer relações entre essas duas ordens de eventos, isto é, entre a série das formas…

  • FM – Em que circunstâncias conheces o Vicente Ferreira da Silva e quais identificações os levariam a compartilhar toda uma vida, não apenas no plano amoroso mas no que diz respeito a cumplicidades éticas e estéticas? DFS – A pergunta é de cunho bastante pessoal, mas ao mesmo tempo significativa e importante. Você indaga a…

  • Por vezes o pensamento se aconchegou ao conceito de que muito acima do particularismo ciumento e excludente das coisas finitas se elevaria o princípio imparcial e majestático do Ser. O Ser seria a justiça por sobre a injustiça cavilosa e mal-querente dos entes individuais. O Ser seria efusão e não infusão. Uma vontade que se…

  • A verdade da história e a verdade individual e interior não coincidem, crescendo em direções diversas. A categoria da história macroscópica é a categoria da quantidade, da eficácia a todo o custo, da forma arrebatadora, enquanto que o domínio da interioridade subjetiva não é precedido pelos clarins da história mundial. Em resumo, o homem subjetivo…

  • Continuando o estudo da origem do mundo, na linha dessas nossas reflexões, vejamos se é possível pensar essa origem como uma criação de coisas. Só podemos falar em coisas como de realidades intramundanas, isto é, como seres que se destacam numa prévia presença mundanal. A esse respeito, diz Heidegger: “O mundo não é simples conjunto…