Tag: Boutot
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Alguns viram na interpretação heideggeriana da modernidade uma condenação sem apelo equivalente a uma rejeição pura e simples da técnica. Este modo de ver repousa, na realidade, sobre um mal-entendido tenaz que o próprio Heidegger não cessou de denunciar. O discurso heideggeriano não é dirigido contra a técnica e não prega um qualquer retorno à…
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Todas estas análises, que descrevem a mobilização total do mundo pela técnica na época moderna, podem fazer pensar nas que Ernst Jünger desenvolvia no seu livro Der Arbeiter (1932). O próprio Heidegger indicou, de resto, tudo o que a sua conferência sobre A Questão da Técnica (GA7) devia às «descrições de O Trabalhador», e sublinha…
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Heidegger distingue três períodos ou épocas fundamentais na história da metafísica: os gregos (Platão e Aristóteles), depois os romanos e a Idade Média, e, por fim, a época moderna (Descartes, Kant e Nietzsche, essencialmente). Cada uma das épocas corresponde a um modo particular de doação, ou antes, de ocultação do ser e é dominada por…
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Heidegger propõe definir a ciência moderna como «uma teoria do real»1. «Teoria» não designa aqui uma contemplação passiva da verdade, mas uma elaboração activa que dá forma ao real. A ciência moderna «provoca» o real, «para-o e interpela-o para que este se apresente em cada circunstância como o conjunto da causa e do que é…
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Na conferência Da Essência da Verdade (GA9), pronunciada pela primeira vez em 1930, Heidegger põe em questão o conceito tradicional de verdade. Esclarece as suas condições de possibilidade e mostra que esse conceito repousa sobre uma verdade mais original, a verdade do ser. ++++ A) O conceito corrente de verdade .— A verdade, no sentido…
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Uma interpretação ontológica do ser-aí só pode ser originária se assentar sobre a totalidade desse ente. O ser-aí deve então ser acessível como uma totalidade. Ora, esta empresa parece votada ao fracasso, pois que o ser-aí, enquanto cuidado, está perpetuamente face a ele próprio, e está, portanto, em constante falta de acabamento. Heidegger mostra entretanto…
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A resolução antecipativa constitui o ser originário do ser-aí. Heidegger mostra, e está aí o ponto culminante da segunda seção de Ser e Tempo, que o sentido profundo da resolução antecipativa e, portanto, do ser do ente que nós somos, reside na temporalidade. Ser, para o ser-aí, é ser temporal. Heidegger não quer dizer com…