Castilho
Ser-resoluto significa: deixar-se-apelar-para-adiante, para o ser-culpado-mais-próprio. O ser-culpado pertence ao ser do Dasein ele mesmo, que determinamos primariamente como poder-ser. Que o Dasein “é” constantemente culpado só pode significar que ele se mantém cada vez nesse ser como existir próprio ou existir impróprio. O ser-culpado não é somente uma qualidade remanescente de algo constantemente subsistente, mas a possibilidade existencial de ser própria ou impropriamente culpada. O “culpado” só é cada vez no respectivo poder-ser factual. O ser-culpado deve ser concebido, por conseguinte, por pertencer ao ser do Dasein, como poder-ser-culpado. O ser-resoluto projeta-se nesse poder-ser, isto é, entende-se nele. Esse entender mantém-se, portanto, numa originária possibilidade do Dasein. Nela se mantém propriamente se o ser-resoluto é originariamente aquilo que ele tende a ser. Ora, já mostramos que o ser originário do Dasein relativamente a seu poder-ser é um ser-para-a-morte, isto é, para a assinalada possibilidade do Dasein que foi caracterizada. O adiantar-se abre essa possibilidade como possibilidade. O ser-resoluto, só como adiantar-se, torna-se, portanto, um originário ser para o poder-ser-mais-próprio do Dasein. O “poder” [835] do poder-ser-culpado só é entendido pelo ser-resoluto, se este se “qualifica” como ser para a morte.
Resoluto, o Dasein assume propriamente em sua existência que ele é o fundamento nulo de sua nulidade. A morte foi existenciariamente concebida como a possibilidade caracterizada da nãο-possibilidade da existência, isto é, como a pura e simples nulidade do Dasein. A morte não se acrescenta ao Dasein no seu “final”, mas como preocupação o Dasein é o fundamento dejectado (isto é, nulo) de sua morte. A nulidade que originariamente atravessa de um extremo ao outro o ser do Dasein, dominando-o, se lhe descobre a ele mesmo no ser-para-a-morte próprio. O adiantar-se só torna manifesto o ser-culpado a partir do fundamento do ser um todo do Dasein. A preocupação contém em si, com igual originariedade, a morte e a culpa. Só o ser-resoluto precursor entende o poder-ser-culpado própria e totalmente, isto é, originariamente. (p. 835, 837)
Decisão diz: deixar-se apelar no ser e estar em dívida mais próprio. O ser e estar em dívida pertence ao próprio ser da presença que determinamos, primariamente, como poder-ser. Dizer que a presença constantemente “é e está” em dívida só pode significar que ela sempre se mantém nesse ser, existindo própria ou impropriamente. O ser e estar em dívida não é apenas uma característica insistente do que é sempre simplesmente dado, mas a possibilidade [388] existenciária de ser e estar em dívida de modo próprio ou impróprio. O “dívida” só é num poder-ser fático. Porque pertence ao ser da presença, deve-se conceber o ser e estar em dívida como poder-ser e estar em dívida. A decisão projeta-se para esse poder-ser, isto é, nele se compreende. Esse compreender mantém-se, pois, numa possibilidade originária da presença. Propriamente, ela aí se mantém caso a decisão seja originária naquilo que ela tende a ser. O ser originário da presença para o seu poder-ser desvelou-se como ser-para-a-morte, ou seja, para a possibilidade característica e privilegiada da presença. O antecipar abre essa possibilidade como possibilidade. Somente antecipando a decisão torna-se um ser originário para o poder-ser mais próprio da presença. A decisão só compreende o “pode” do poder-ser e estar em dívida quando ela se “qualifica” como ser-para-a-morte.
Decidida, a presença assume propriamente, em sua existência, que ela é o fundamento nulo de seu nada. Concebemos existencialmente a morte como a possibilidade característica da impossibilidade de existência, ou seja, como o absolutamente nada da presença. A morte não se agrega à presença no seu “fim”. Enquanto cura, a presença é o fundamento lançado (isto é, nulo) de sua morte. O nada que originariamente domina o ser da presença se lhe desvela no ser-para-a-morte próprio. O antecipar revela o ser e estar em dívida a partir do fundamento de todo o ser da presença. A cura abriga em si, de modo igualmente originário, morte e dívida. É a decisão antecipadora que compreende o poder-ser e estar em dívida propriamente e totalmente, ou seja, originariamente. (p. 388-389)
Resolución significa: dejarse llamar hacia adelante, hacia el más propio ser-culpable. El ser-culpable pertenece al ser del Dasein mismo, que nosotros hemos determinado primariamente como un poder-ser. Que el Dasein “es” constantemente culpable sólo puede significar que siempre se mantiene en este ser [culpable] [SZ:306] ya como existir propio, ya como impropio. El ser-culpable no es una mera propiedad permanente de algo que está constantemente ahí, sino la posibilidad existentiva de ser culpable en forma propia o impropia. Este “culpable” sólo es en cada caso en el correspondiente poder-ser fáctico. Por consiguiente, el ser-culpable, por pertenecer al ser del Dasein, debe ser concebido como un poder-ser-culpable. La resolución se proyecta en este poder-ser, es decir, se comprende en él. Este comprender se mantiene, por tanto, en una posibilidad originaria del Dasein. Y lo hace en forma propia cuando la resolución es originariamente aquello que ella tiende a ser. Ahora bien, más arriba hemos mostrado que el modo originario cómo el Dasein está vuelto hacia su poder-ser es un estar vuelto hacia la muerte, es decir, hacia la eminente posibilidad del Dasein que allí fue caracterizada. El adelantarse abre esta posibilidad como posibilidad. Por consiguiente, la resolución sólo en cuanto precursora llega a ser un originario estar vuelto hacia el más propio poder-ser del Dasein. La resolución sólo comprende el “poder” del poder-ser-culpable cuando se “cualifica” como un estar vuelto hacia la muerte.
Resuelto, el Dasein se hace cargo propiamente, en su existencia, del hecho de que él es el fundamento negativo de su nihilidad. Hemos concebido existencialmente la muerte como la posibilidad ya caracterizada de la imposibilidad de la existencia, es decir, como la absoluta nihilidad del Dasein. La muerte no se añade al Dasein al “final”, sino que el Dasein es, en cuanto cuidado, el fundamento arrojado (es decir, negativo) de su muerte. La nihilidad que atraviesa originariamente el ser del Dasein de un extremo al otro dominándolo, se le revela a él mismo en el estar vuelto en forma propia hacia la muerte. El anticiparse manifiesta el ser-culpable tan sólo desde el fundamento del íntegro ser del Dasein. El cuidado lleva consigo con igual originariedad muerte y culpa. Sólo la resolución precursora comprende en forma propia e íntegra, es decir, originaria, el poder-ser-culpable. (p. 323)
Résolution veut dire : se laisser appeler par vocation à l’être-en-faute le plus propre. L’être-en-faute appartient à l’être du Dasein lui-même que nous avons déterminé de prime abord comme pouvoir-être. Dire : le Dasein « est » constamment en faute, peut seulement [SZ:306] signifier qu’il se tient en cet être chaque fois comme exister propre ou impropre. L’être-en-faute n’est pas une qualité simplement permanente d’un étant constamment là-devant, c’est au contraire la possibilité existentielle d’être proprement ou improprement en faute.
Cet « en faute » est chaque fois seulement dans un pouvoir-être chaque fois factif. L’être-en-faute doit donc, puisqu’il appartient à l’être du Dasein, se concevoir comme pouvoir-être-en-faute. La résolution se projette sur ce pouvoir-être, c’est-à-dire qu’elle s’y entend. Cet entendre se tient donc dans une possibilité originale du Dasein. Proprement il se tient en elle si ce que la résolution tend à être, elle l’est originalement. Or l’être original du Dasein envers son pouvoir-être, nous l’avons révélé comme être vers la mort, c’est-à-dire comme être vers cette possibilité qui a le caractère d’être l’insigne possibilité du Dasein. La marche d’avance découvre cette possibilité comme possibilité. La résolution devient, par cela seul qu’elle y marche, un être original à l’égard du pouvoir-être le plus [365] propre du Dasein. Le « pouvoir » de ce pouvoir-être-en-faute, la résolution ne l’entend que si elle se « qualifie » comme être vers la mort.
Résolu, le Dasein assume proprement en son existence qu’il soit négativement l’origine de sa négative. Concevant la mort existentialement, nous y voyons la possibilité se caractérisant comme l’impossibilité de l’existence, c’est-à-dire comme pure et simple négative du Dasein. La mort n’est pas une pièce qui se rajoute au Dasein sur sa « fin » mais au contraire, en tant que souci, le Dasein est l’origine jetée (c’est-à-dire négative) de sa mort. La négative qui commande originalement tout l’être du Dasein se révèle à lui-même dans le propre être vers la mort. La marche d’avance ne rend manifeste l’être-en-faute que sur la seule base de l’être entier du Dasein. Le souci recèle cooriginalement en soi la mort et la faute. La résolution en marche ne fait qu’entendre le pouvoir-être-en-faute proprement et entièrement, c’est-à-dire originalement. (p. 365-366)
To say that Dasein ‘is’ constantly guilty can only mean that in every case g06 Dasein maintains itself in this Being and does so as either authentic or inauthentic existing. Being-guilty is not just an abiding property of something constantly present-at-hand, but the existentiell possibility of being authentically or inauthentically guilty. In every case, the ‘guilty’ is only in the current factical potentiality-for-Being. Thus because Being-guilty belongs to the Being of Dasein, it must be conceived as a potentiality-for-Being-guilty. Resoluteness projects itself upon this potentiality-for-Being [354] — that is to say, it understands itself in it. This understanding maintains itself, therefore, in a primordial possibility of Dasein. It maintains itself authentically in it if the resoluteness is primordially that which it tends to be. But we have revealed that Dasein’s primordial Being towards its potentiality-for-Being is Being-towards-death· — that is to say, towards that distinctive possibility of Dasein which we have already characterized. Anticipation discloses this possibility as possibility. Thus only as anticipating does resoluteness become a primordial Being towards Dasein’s ownmost potentiality-for-Being. Only when it ‘qualifies’ itself as Being-towards-death does resoluteness understand the ‘can’ of its potentiality-for-Being-guilty.1
When Dasein is resolute, it takes over authentically in its existence the fact that it is the null basis of its own nullity. We have conceived death existentially as what we have characterized as the possibility of the impossibility of existence — that is to say, as the utter nullity of Dasein. Death is not “added on” to Dasein at its ‘end’; but Dasein, as care, is the thrown (that is, null) basis for its death. The nullity by which Dasein’s Being is dominated primordially through and through, is revealed to Dasein itself in authentic Being-towards-death. Only on the basis of Dasein’s whole Being does anticipation make Being-guilty manifest. Care harbours in itself both death and guilt equiprimordially. Only in anticipatory resoluteness is the potentiality-for-Being-guilty understood authentically and wholly — that is to say, primordially. (p. 353-354)
Entschlossenheit besagt: Sichvorrufenlassen auf das eigenste Schuldigsein. Das Schuldigsein gehört zum Sein des Daseins selbst, das wir primär als Seinkönnen bestimmten. Das Dasein »ist« ständig schuldig [306], kann nur heißen, es hält sich in diesem Sein je als eigentliches oder uneigentliches Existieren. Das Schuldigsein ist keine nur bleibende Eigenschaft eines ständig Vorhandenen, sondern die existenzielle Möglichkeit, eigentlich oder uneigentlich schuldig zu sein. Das »Schuldig« ist je nur im jeweiligen faktischen Seinkönnen. Das Schuldigsein muß daher, weil zum Sein des Daseins gehörend, als Schuldigseinkönnen begriffen werden. Die Entschlossenheit entwirft sich auf dieses Seinkönnen, das heißt versteht sich in ihm. Dieses Verstehen hält sich demnach in einer ursprünglichen Möglichkeit des Daseins. Eigentlich hält es sich in ihr, wenn die Entschlossenheit das, was sie zu sein tendiert, ursprünglich ist. Das ursprüngliche Sein des Daseins aber zu seinem Seinkönnen enthüllten wir als Sein zum Tode, das heißt zu der charakterisierten ausgezeichneten Möglichkeit des Daseins. Das Vorlaufen erschließt diese Möglichkeit als Möglichkeit. Die Entschlossenheit wird deshalb erst als vorlaufende ein ursprüngliches Sein zum eigensten Seinkönnen des Daseins. Das »kann« des Schuldigseinkönnens versteht die Entschlossenheit erst, wenn sie sich als Sein zum Tode »qualifiziert«.
Entschlossen übernimmt das Dasein eigentlich in seiner Existenz, daß es der nichtige Grund seiner Nichtigkeit ist. Den Tod begriffen wir existenzial als die charakterisierte Möglichkeit der Un-möglichkeit der Existenz, das heißt als schlechthinnige Nichtigkeit des Daseins. Der Tod wird dem Dasein nicht bei seinem »Ende« angestückt, sondern als Sorge ist das Dasein der geworfene (das heißt nichtige) Grund seines Todes. Die das Sein des Daseins ursprünglich durchherrschende Nichtigkeit enthüllt sich ihm selbst im eigentlichen Sein zum Tode. Das Vorlaufen macht das Schuldigsein erst aus dem Grunde des ganzen Seins des Daseins offenbar. Die Sorge birgt Tod und Schuld gleichursprünglich in sich. Die vorlaufende Entschlossenheit versteht erst das Schuldigseinkönnen eigentlich und ganz, das heißt ursprünglich. (p. 305-306)
- ‘Das “kann” des Schuldigseinkönnens versteht die Entschlossenheit erst, wenn sie sich als Sein zum Tode “qualifiziert”.[↩]