Schopenhauer (MVR1:68) – Estupidez, parvoíce, simploriedade e loucura

Jair Barboza

Carência de entendimento se chama ESTUPIDEZ. Carência no uso da RAZÃO em termos práticos reconheceremos mais tarde como PARVOÍCE. Já a carência da FACULDADE DE JUÍZO se chama SIMPLORIEDADE. Por fim, carência parcial ou completa de MEMÓRIA se chama LOUCURA. Porém, consideraremos cada um desses temas em seu devido lugar. Aquilo conhecido corretamente pela RAZÃO é a VERDADE, vale dizer, um juízo abstrato com fundamento suficiente (cf. o ensaio sobre o princípio de razão, § 29 ss.), Aquilo conhecido corretamente pelo ENTENDIMENTO é a REALIDADE, ou seja, a passagem precisa, no objeto imediato, do efeito para a sua causa. À VERDADE se opõe o ERRO como engano da RAZÃO, à REALIDADE se opõe a ILUSÃO como engano do ENTENDIMENTO. O detalhamento de tudo isso pode ser lido no primeiro capítulo do meu ensaio sobre a visão e as cores.

Original

Mangel an Verstand hieß Dummheit; Mangel an Anwendung der Vernunft auf das Praktische werden wir später als Thorheit erkennen: so auch Mangel an Urtheilskraft als Einfalt; endlich stückweisen oder gar gänzlichen Mangel des Gedächtnisses als Wahnsinn. Doch von jedem an seinem Ort. – Das durch die Vernunft richtig Erkannte ist Wahrheit, nämlich ein abstraktes Unheil mit zureichendem Grunde (Abhandlung über den Satz vom Grunde, § 29 ff.): das durch den Verstand richtig Erkannte ist Realität, nämlich richtiger Uebergang von der Wirkung im unmittelbaren Objekt auf deren Ursache. Der Wahrheit steht der Irrthum als Trug der Vernunft, der Realität der Schein als Trug des Verstandes gegenüber. Die ausführlichere Erörterung von allem Diesem ist im ersten Kapitel meiner Abhandlung über das Sehn und die Farben nachzulesen.

(SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação. Primeiro Tomo. Tr. Jair Barboza. São Paulo: Editora UNESP, 2005)