Safranski: Lógica e psicologismo

Na “Doutrina do Juízo no Psicologismo”, Heidegger mostra ser o discípulo mais aplicado e estudioso de Husserl, cujas Investigações Lógicas têm enorme influência nele. Com Husserl ele briga contra os representantes do psicologismo, portanto contra a tentativa de esclarecer o lógico com o psíquico. São filósofos muito reconhecidos como Theodor Lipps e Wilhelm Wundt, esses que o presunçoso doutorando critica. As disputas com o psicologismo o forçam pela primeira vez a refletir sobre o grande problema de sua futura obra principal: o tempo.

O pensar como ato psíquico acontece no tempo, exige tempo. Mas o conteúdo lógico do pensar, diz Heidegger junto com Husserl, vale independentemente do tempo. O lógico é um fenômeno “estático”, que está para além de qualquer desenvolvimento e modificação, que portanto não se torna nem surge, mas vale; algo que pode ser “apreendido” pelo sujeito que julga, mas nunca se altera por esse apreender (FS, 120). Portanto ainda não chegou para Heidegger – como poucos anos depois – o tempo daquele poder do ser (Seinsmacht) que atrai tudo para dentro de sua motilidade; ainda existe um para-além disso (Jenseits). Mas qual é o sentido desse lógico, indaga Heidegger, e comenta: talvez aqui estejamos diante de um último, irredutível, acima do qual não há mais esclarecimento, e qualquer outra indagação necessariamente fica paralisada (FS, 112). (excertos de Rüdiger Safranski, Heidegger)