Acontece, observa Heidegger, que distingue-se entre retidão e verdade. A retidão tem, com efeito, às vezes o sentido simplesmente lógico do não contraditório ou do corretamente deduzido. A retidão, tomada neste sentido, não implica necessariamente a verdade de uma proposição. Uma proposição pode muito bem ser não contraditória e, ao mesmo tempo, não corresponder ao seu objeto. A retidão formal não acarreta a verdade “material”. Não é evidentemente neste sentido formal ou lógico que Heidegger compreende a retidão, quando a considera como a essência da verdade. “Quando dizemos, precisa ele, que a essência da verdade é a retidão, entendemos esta palavra no seu sentido mais rico: o da conformidade entre o conteúdo da representação e o ente. Retidão entende-se, então, como a tradução da adaequatio e da homoiosis” (Nietzsche I, p.512). Retidão quer dizer, para Heidegger, conformidade. É a razão pela qual ele fala indiferentemente, em Platon Lehre von der Wahrheit, para caracterizar a essência da verdade, de retidão (Richtigkeit) ou de adequação. [Alain Boutot]