A φύσις (physis) deve pois ser definida como o reino do que, desabrochando para o exterior, permanece ao mesmo tempo em si mesmo (Cf. EiM (GA9), pp. 47 (71): φύσις meint das auf gehende Sichaufrichten, das in sich verweilende Sichenfalten. E sobretudo VWBΦ (GA9), Wgm (GA5), p. 363 (Qu. II (Q12), 262): Die φύσις ist Gang als Aufgang zum Auf gehen und so allerdings ein In-sich-züruck-Gehen, zu sich, das ein Aufgehen bleibt). É neste sentido que é indissociável do combate (πόλεμος (polemos)): nomeia essa luta que entre si travam a presença (Anwesenheit) e a ausência (Abwesenheit) para que os entes (Seiende) surjam ao aparecer (Erscheinung) e nele se mantenham. Como veremos em breve, ela nomeia o ser (Sein) enquanto ele não é mais do que este próprio combate, esta irrupção constantemente renovada e perpetuamente sustentada, esta escapada para fora da sombra e do fechado, em direção à luz (Licht) e ao aberto (Offenheit). (MZHPO:48)
Compreende-se com isto o estatuto atribuído ao πόλεμος: a φύσις nomeia este combate que a emergência deve travar para, em cada instante, emergir, apesar do retiro de onde provém e que a espreita. É só na condição de compreender este combate como interior à φύσις, como constituindo-a no seu ser, que é possível não interpretar erradamente as considerações precedentes: não basta, com efeito, dizer que a φύσις, pensada como emergência (Aufgehen), tem necessidade do seu oposto, ou supõe o seu próprio contrário. É preciso ir mais longe, e chegar até pensar esse contrário como fazendo parte da φύσις: porque só ele pode garantir-lhe a possibilidade de ser aquilo que ela é, pertence-lhe como uma das suas próprias dimensões essenciais. (MZHPO:55)