Φύειν quer dizer, segundo o dicionário, crescer ou fazer crescer (em alemão: wachsen, wachsen machen). φύσις (physis) significa portanto, de modo geral, o crescimento (das Wachstum). Mas a questão reside evidentemente em saber o que os gregos entendiam por crescimento (Questão posta e resolvida, nos mesmo termos, em EiM (GA9), p. 11 (27) e EHD (GA4), p. 55 (73-74)). Heidegger mostra, com a ajuda de um certo número de exemplos, que esta palavra, para eles, não começava por invocar, como faria para os modernos, as ideias e aumento, de evolução ou de devir. Entendiam-na num sentido completamente diferente, que pode ser definido pelos três termos avanço (Hervorgehen), desabrochar (Aufgehen) e abertura (Sichöffnen). Todavia, é preciso tomar cuidado com o facto que não há aí apenas a diferença de dois «pontos de vista», ou de duas concepções do mesmo fenômeno, mas toda a distância que separa uma abordagem original de uma abordagem apenas derivada. Seja, por exemplo, o desabrochar de uma rosa: o que é que constitui a especificidade desse acontecimento? Teríamos hoje tendência para considerar como determinante o processo quantitativo (aumento ou crescimento) ou evolutivo (a sucessão de estados distintos). Mas é realmente isso que se dá originalmente ao olhar? Para aquém destes processos mensuráveis — que decerto concorrem para o acontecimento, mas não o constituem — o que acontece em primeiro lugar, e de modo bem mais radical, no desabrochar da rosa, é a sua «vinda ao aparecer»: a rosa desabrocha na medida em que, avançando no aberto, dura nesse aberto, se mantém nele manifestando-se, e assim se oferece ao olhar. É isto o que os Gregos — cuja percepção, que não se atravancava ainda com o conceito (Cf. WhD (GA8), p. 128 (196).), e era, por essa razão, mais ampla, menos redutora, mais aberta à plenitude do Simples — sabiam ainda captar. O crescimento no sentido grego, ο φύειν, dizia em primeiro lugar isto: essa penetração radiosa no coração da presença. (MZHPO:44-45)