philosophieren, filosofar, philsopher
A questão é que não estamos de forma alguma “fora” da filosofia; e isso não porque, por exemplo, talvez tenhamos uma certa bagagem de conhecimentos sobre filosofia. Mesmo que não saibamos expressamente nada sobre filosofia, já estamos na filosofia porque a filosofia está em nós e nos pertence; e, em verdade, no sentido de que já sempre filosofamos. Filosofamos mesmo quando não sabemos nada sobre isso, mesmo que não “façamos filosofia”. Não filosofamos apenas vez por outra, mas de modo constante e necessário porquanto existimos como homens. Ser-aí como homem significa filosofar. O animal não pode filosofar; Deus não precisa filosofar. Um Deus que filosofasse não seria um Deus porque a essência da filosofia é ser uma possibilidade finita de um ente finito.
Ser homem (Menschsein) já significa filosofar. Segundo sua essência (Wesen), o ser-aí humano (menschliche Dasein) como tal já se encontra na filosofia, e isso não de modo ocasional. Como o ser-homem tem, contudo, diversas possibilidades (Möglichkeiten), múltiplos níveis (Stufen) e graus de lucidez (Wachheit), o homem pode encontrar-se de diversas maneiras na filosofia. De modo correspondente, a filosofia como tal pode permanecer velada ou manifestar-se no mito, na religião, na poesia, nas ciências, sem que seja reconhecida como filosofia. E, visto que a filosofia como tal também pode se constituir de modo efetivo e expresso, parece que aqueles que não tomam parte no filosofar expresso estão fora da filosofia. (GA27MAC:3-4)
Dizemos: “estudar filologia”, “estudar filosofia”. Nesse caso, “filosofia” tem de ser tomada em sentido moderno, onde significa um nexo conjuntural de saber, algo assim como “ciência”, objetivada, apartada, aquilo para o qual há um “acesso” – objeto de cultura, objeto de formação. A filosofia ajuda a caracterizar de início uma doutrina plenamente (59) desenvolvida, diz respeito portanto à situação de menoscabo que vemos hoje, como se dá nas universidades.
Mas a palavra pode e deve também voltar a ser compreendida a seguir de maneira autêntica e clara: como fenômeno pleno com determinada soberania (Archontik). “Filosofar” é indicação do sentido soberano (archontisch).
Por isso, o próprio filosofar incide numa propensão de expressão correspondente e igualmente numa mais forte acentuação, embora não clara. Filosofia e semelhantes, ao contrário, pertencem a um nexo de expressão não destacado ou justo em processo de destacar-se, próprio da língua grega. O uso linguajar que se faz hoje encontra-se num outro nível de expressão, e isso de tal modo que, mesmo sendo compreendido autenticamente, jamais voltará a ser o grego, mesmo onde, novamente, o intransitivo de mesmo nome expressa um como-fundamental da realização existenciária, essencialmente diverso; sofeó, transitivo, não há. (GA61EPG:58-59)
VIDE: (philosophieren->http://hyperlexikon.hyperlogos.info/modules/lexikon/search.php?option=1&term=philosophieren)