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philosophieren

quinta-feira 18 de junho de 2020

philosophieren, filosofar, philsopher

A questão é que não estamos de forma alguma “fora” da filosofia; e isso não porque, por exemplo, talvez tenhamos uma certa bagagem de conhecimentos sobre filosofia. Mesmo que não saibamos expressamente nada sobre filosofia, já estamos na filosofia porque a filosofia está em nós e nos pertence; e, em verdade, no sentido de que já sempre filosofamos. Filosofamos mesmo quando não sabemos nada sobre isso, mesmo que não “façamos filosofia”. Não filosofamos apenas vez por outra, mas de modo constante e necessário porquanto existimos como homens. Ser-aí como homem significa filosofar. O animal não pode filosofar; Deus não precisa filosofar. Um Deus que filosofasse não seria um Deus porque a essência da filosofia é ser uma possibilidade finita de um ente finito.

Ser homem [Menschsein] já significa filosofar. Segundo sua essência [Wesen], o ser-aí humano [menschliche Dasein] como tal já se encontra na filosofia, e isso não de modo ocasional. Como o ser-homem tem, contudo, diversas possibilidades [Möglichkeiten], múltiplos níveis [Stufen] e graus de lucidez [Wachheit], o homem pode encontrar-se de diversas maneiras na filosofia. De modo correspondente, a filosofia como tal pode permanecer velada ou manifestar-se no mito, na religião, na poesia, nas ciências, sem que seja reconhecida como filosofia. E, visto que a filosofia como tal também pode se constituir de modo efetivo e expresso, parece que aqueles que não tomam parte no filosofar expresso estão fora da filosofia. [GA27MAC:3-4]


Dizemos: “estudar filologia”, “estudar filosofia”. Nesse caso, “filosofia” tem de ser tomada em sentido moderno, onde significa um nexo conjuntural de saber, algo assim como “ciência”, objetivada, apartada, aquilo para o qual há um “acesso” – objeto de cultura, objeto de formação. A filosofia ajuda a caracterizar de início uma doutrina plenamente [59] desenvolvida, diz respeito portanto à situação de menoscabo que vemos hoje, como se dá nas universidades.

Mas a palavra pode e deve também voltar a ser compreendida a seguir de maneira autêntica e clara: como fenômeno pleno com determinada soberania (Archontik). “Filosofar” é indicação do sentido soberano (archontisch).

Por isso, o próprio filosofar incide numa propensão de expressão correspondente e igualmente numa mais forte acentuação, embora não clara. Filosofia e semelhantes, ao contrário, pertencem a um nexo de expressão não destacado ou justo em processo de destacar-se, próprio da língua grega. O uso linguajar que se faz hoje encontra-se num outro nível de expressão, e isso de tal modo que, mesmo sendo compreendido autenticamente, jamais voltará a ser o grego, mesmo onde, novamente, o intransitivo de mesmo nome expressa um como-fundamental da realização existenciária, essencialmente diverso; sofeó, transitivo, não há. [GA61EPG  :58-59]


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