Geschichtsdenker
O pensador da história Tucídides, contudo, não conseguiu superar o platonismo vigente no fundo do pensamento nietzschiano. Na medida em que a filosofia nietzschiana é metafísica e em que toda metafísica é platonismo, o ser precisa ser pensado no fim da metafísica como valor, isto é, ele precisa ser computado e distorcido como uma simples condição condicionada do ente. A interpretação metafísica do ser como valor é prelineada pelo começo da metafísica. Pois Platão concebeu o ser como idea; a mais elevada dentre as ideias, porém, e isto significa ao mesmo tempo, a essência de todas elas, é ο agamon, pensado em termos gregos, aquilo que torna apto, aquilo que capacita e possibilita o ente a ser um ente. O ser possui o caráter da possibilitação, ele é condição de possibilidade. Ser é, dito com Nietzsche, um valor. Ou seja: Platão foi então o primeiro a pensar em termos de valores? Essa opinião seria precipitada. A concepção platônica do agamon é tão essencialmente diversa do conceito nietzschiano de valor quanto a concepção grega de homem é diversa da interpretação moderna do ser humano como sujeito. A história da metafísica, no entanto, toma o seu curso desde a interpretação platônica do ser como idea e agamon até a interpretação do ser como uma vontade de poder, que instaura valores e pensa tudo como valor. É por isso que pensamos ainda hoje exclusivamente segundo “ideias” e “valores”. É por isso que a nova ordem da metafísica não é apenas visada, mas também realizada e erigida como uma transvaloração de todos os valores. [GA6MAC:615]