ontologisch Differenz

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Em um texto, no qual narra seu primeiro contato com Heidegger em Marburgo, Gadamer relata uma história interessante. Ao término de uma aula, no caminho em direção à casa de Heidegger, Gadamer, que se encontrava levando a pasta do mestre, pergunta a ele como se poderia estabelecer a diferença entre o ser e o ente. Heidegger para, então, bruscamente e diz surpreso: Ora, mas “a diferença ontológica não é algo que nós podemos estabelecer”. Esta afirmação, a princípio simples, contém, na verdade, a essência da noção de diferença ontológica.

A diferença ontológica parece ser à primeira vista uma trivialidade. Quem perderia muito tempo com a proposição: o ser não é um ente? O que existe realmente aí para compreendermos? Não se trata aqui, na realidade, de um claro e típico produto de uma filosofia não científica? O ponto é, contudo, que a diferença entre o ser e o ente não é uma diferença de razão, ou seja, não é uma diferença que podemos estabelecer e, neste sentido, não se pode considerá-la como uma simples criação conceituai. A diferença ontológica é, ao contrário, o modo a partir do qual a totalidade do ser se dá e o seu caráter mostra imediatamente uma facticidade inexorável. Ser um ser-aí, no sentido de ser um ente que participa do acontecimento do ser, implica se encontrar sempre já em meio à diferença ontológica. Porém, uma vez mais: o que quer dizer efetivamente diferença ontológica? Para responder tal questão é necessário insistir precisamente no modo a partir do qual a metafísica pensou o ser.

(…)

A diferença ontológica, em suma, não denuncia simplesmente o esquecimento e a má-compreensão da questão do ser, mas provoca uma verdadeira transformação no modo de pensar a essência mesma do fundamento. Na diferença ontológica, o fundamento não é mais pensado como a condição incondicionada, como a presença absolutamente constante do ser, mas como acontecimento apropriador”:

Sondar o fundamento da verdade do ser-aí e, portanto, este mesmo: deixar que esse fundamento (acontecimento) seja tal fazendo frente ao ser-aí. Conforme a isto, a guarda transforma a fundação do ser-aí enquanto guarda do fundamento: a verdade do ser. (GA65, p. 307)

(…)

A diferença ontológica evidencia, em suma, uma impossibilidade constitutiva de todas as ontologias em geral. Não importa o quão consistente seja uma ontologia, não importa até que ponto ela seja capaz de controlar os fenômenos que acontecem dentro de seu campo ôntico; é irrelevante até mesmo em que grau se pode prever a regularidade de uma ação ou ainda a ausência total de contradições em suas proposições cognitivas; toda ontologia é, em última instância, em si mesma infundada, porque o ser, que não é um ente, não pode ser equiparado a um ente entre outros, mesmo que ele seja pensado como o ente supremo. As ontologias metafísicas tradicionais, ao perguntarem “o que é o ente?”, creem encontrar a resposta na quididade do ser. A diferença ontológica impõe, ao contrário, uma transformação dessa questão. A partir dela, não se pode mais perguntar “o que é o ente”, mas é preciso perguntar antes “como se alcança o fazer-se essência do ser?” “Acontecimento apropriador” é a resposta heideggeriana à questão: “o ser se essencia como acontecimento”. (Casanova, Fenomenologia Hoje IV, p. 283-286)


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