“Estar sujeito à reivindicação que a presença faz é a maior reivindicação que um ser humano faz; é o que é ‘ética’”. Martin Heidegger, Zollikoner Seminare (GA89) (Frankfurt am Main: V. Klostermann, 1987), p. 273. Esses seminários foram ministrados na Suíça no final da vida de Heidegger. Vale a pena observar que essa citação expressa tanto a força quanto a fraqueza do modo de pensar de Heidegger localizar a “ética”. Conecta explicitamente a presença (Anwesenheit) com a ética, mas não reconhece a conexão ainda mais importante da ética com a presença recíproca e, portanto, com Mitsein. O problema com essa associação da presença (mas não da presença recíproca) com a ética é que ela resulta em uma concepção da relação do pensamento com a verdade do ser como “a ética original” sem qualquer referência à nossa relação uns com os outros.
De certa forma, uma citação ainda melhor para ser colocada no início de um trabalho como este seria… o que São Paulo diz em Efésios 4:25: “Portanto, falem a verdade, pois somos membros uns dos outros”. É interessante notar que a palavra grega para verdade que São Paulo usa é aletheia, que aparece de forma proeminente no pensamento de Heidegger.
(OLAFSON, Frederick A.. Heidegger and the Ground of Ethics. Cambridge: Cambridge University Press, 1998)