objeto

Gegenstand
objet

A palavra alemã “Gegen-stand” “ob-jeto”, surgiu apenas no século XVIII e como tradução do latim “ob-iectum”. 0 fato de Goethe sentir um peso especial nas palavras “Gegenstand”, objeto, e “Gegenständlichkeit”, objetividade, tem razões mais profundas. Entretanto, nem o pensamento medieval, nem o pensamento grego re-presentam o vigente, como ob-jeto. Chamamos aqui de objetidade o modo de vigência do real que, na Idade Moderna, aparece, como objeto. [GA7 44]


Ao objeto pertence tanto o teor de consistência (o quid) do que se contrapõe (essentia-possibilitas) como a posição do que se opõe (existentia). O objeto constitui a unidade de persistência (Ständigkeit) dessa consistência . Em sua insistência (Stand), a consistência (Bestand) refere-se essencialmente ao pôr (Stellen) da re-presentação (Vor-stellen) como uma posse asseguradora que põe algo diante de si, que pro-põe. O objeto originário é a objetividade em si mesma. A objetividade originária é o “eu penso”, no sentido do “eu percebo”, que já se apresenta (sich vor-legt) e já se apresentou, é subietum. Na ordem da gênese transcendental do objeto, o sujeito é o primeiro objeto da re-presentação ontológica.

O ego cogito é cogito: me cogitare. [GA7]


Como a objetividade adquire o caráter de constituir a essência dos entes como tais?

Costuma-se pensar “ser” como a objetividade, num esforço de se apreender a partir daí o “ente em si” e assim esquecer de se perguntar e dizer o que se entende por “ente” e pelo “em si”.

O que “é” ser? Devemos perguntar ao “ser” o que ele é? Ser fica fora de questão, auto-evidente e, portanto, impensado. Mantém-se numa verdade, de há muito esquecida e infundamentada. [GA7]


O que foi posto na posição é o posto de um dado, que por sua vez, através do pôr e do colocar, se transforma, para este ato, em o-posto, ob-stante, jogado-ao-encontro, objeto. O que tem caráter de ser posto (posição), quer dizer, o ser, se transforma em objetividade. Mesmo quando Kant, na Crítica da Razão Pura, ainda fala de coisa, como, por exemplo, na enunciação afirmativa de sua tese sobre o ser, a “coisa” sempre significa: ob-stante, ob-jeto, no sentido mais amplo de algo que é representado, do X. Em conformidade com isto, diz Kant, no prefácio da segunda edição da Crítica da Razão Pura (B XXVII), que a critica “nos ensina a tomar o objeto em dois sentidos, a saber, como fenômeno, ou como coisa em si mesma”. A TESE DE KANT SOBRE O SER