58. O que se pode prometer. — Pode-se prometer atos, mas não sentimentos; pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre, ou sempre odiá-lo ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder; mas ele pode prometer aqueles atos que normalmente são consequência do amor, do ódio, da fidelidade, mas também podem nascer de outros motivos: pois caminhos e motivos diversos conduzem a um ato. A promessa de sempre amar alguém significa, portanto: enquanto eu te amar, demonstrarei com atos o meu amor; se eu não mais te amar, continuarei praticando esses mesmos atos, ainda que por outros motivos: de modo que na cabeça de nossos semelhantes permanece a ilusão de que o amor é imutável e sempre o mesmo. — Portanto, prometemos a continuidade da aparência do amor quando, sem cegar a nós mesmos, juramos a alguém amor eterno. (NIETZSCHE, Friedrich. Humano, Demasiado Humano. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005 (ebook), Capítulo II)
Nietzsche (HDH:58) – promessas
- Nietzsche (VP:254): estimação moral
- Nietzsche (VP:281) – eticidade
- Nietzsche (VP:284) – os desejos e estados louvados
- Nietzsche (VP:331): assim deveria ser…
- Nietzsche (VP:333): ética
- Nietzsche (VP:333): vício e virtude são efeitos, não causas
- Nietzsche (VP:45): não fazer nada
- Nietzsche (VP:477) – “Pensar” não acontece absolutamente
- Nietzsche (VP:481) – não há fatos, só interpretações
- Nietzsche (VP:483) – por meio do pensar é posto o eu