Essa viragem só conquista sua verdade, na medida em que ela é contestada enquanto contenda entre MUNDO E TERRA e, assim, em que o verdadeiro é coberto no ente. Só a história, que se funda no ser-aí, tem a garantia de uma copertinência à verdade do ser. GA65MAC: 8
Portanto, a grande tranquilidade precisa primeiramente se abater sobre o mundo para a terra. Essa tranquilidade emerge apenas do silêncio. E esse silenciamento só desponta da retenção. Ela atravessa de maneira afinadora enquanto tonalidade afetiva fundamental a intimidade da contenda entre MUNDO E TERRA e, com isto, a contestação do ataque da apropriação em meio ao acontecimento. GA65MAC: 13
Essa retenção também afina inteiramente toda contestação da contenda entre MUNDO E TERRA. GA65MAC: 31
Espacialização temporalizante – temporalização espacializante (cf. contestação da contenda) como a região mais próxima da junção fugidia para a verdade do seer, mas nenhuma queda nos conceitos comuns formais de espaço e tempo (!), senão retomada da contenda, MUNDO E TERRA – acontecimento apropriador. GA65MAC: 139
É preciso lembrar aqui que o abrigo é sempre a contestação da contenda entre MUNDO E TERRA, que MUNDO E TERRA solapam um ao outro em se sobrelevando, que é em sua oposição que transcorre de antemão e antes de tudo o abrigo da verdade. GA65MAC: 152
Antes de tudo, porém, aquilo que constitui o alijamento interno do acontecimento apropriador e que permanece encoberto segundo o acontecimento da apropriação ou que vem à tona a partir dele nunca pode ser enumerado e apresentado em uma “tábua”, nem tampouco na diversificação de um sistema, mas todo dizer da abertura do fosso abissal é uma palavra pensante em relação a Deus e aos homens, e, com isso, no ser-aí, e, assim, na contenda de MUNDO E TERRA. GA65MAC: 157
“Compreensão de ser” e pro-jeto e, em verdade, como jogado! O ser-no-mundo do ser-aí. “Mundo”, porém, não o saeculum cristão e a denegação de Deus, ateísmo! Mundo a partir da essência da verdade e do aí! Mundo e terra (cf. conferência sobre a obra de arte). GA65MAC: 172
10. Abrigo como contestação da contenda entre MUNDO E TERRA. GA65MAC: 227
Os sítios instantâneos e a contenda entre MUNDO E TERRA. A contenda e o abrigo da verdade do acontecimento apropriador. GA65MAC: 238
É preciso indicar em que verdade e como é que o ente se encontra respectivamente nela. Precisa se tornar claro como é que aqui MUNDO E TERRA se encontram em contenda e, com isso, como é que eles mesmos se desencobrem e se encobrem. Esse encobrir-se mais imediato, contudo, é apenas a aparência prévia do a-bismo e, com isso, da verdade do acontecimento apropriador. Mas a verdade só se essencia na clareira mais plena do mais distante encobrir-se sob o modo do abrigo segundo todos os caminhos e maneiras, que pertencem a esse abrigo, que suportam e conduzem historicamente a exposição jurisdicional do ser-aí e que constitui, assim, o ser do povo. GA65MAC: 243
De onde o abrigo tem a sua indigência e a sua necessidade? A partir do encobrir-se. Para não afastar esse autoencobrimento, mas para inversamente preservá-lo, é preciso o abrigo desse acontecimento. O acontecer é transformado e preservado (porquê) na contenda de MUNDO E TERRA. A contestação da contenda põe em obra a verdade, põe no utensílio a verdade, ex-perimentando-a como coisa e levando-a a termo em ato e em sacrifício. GA65MAC: 244
Mundo e terra alçarão em sua contenda amor e morte em seu extremo e reunirão os dois na fidelidade ao deus e na constância da confusão no domínio múltiplo da verdade do ente. GA65MAC: 252
Essa indigência precisa pertencer ao clamor do domínio daquele aceno. O que ressoa em tal servidão e prepara a amplitude só consegue preparar para a contenda entre MUNDO E TERRA, para a verdade do aí, por meio desse aí mesmo, o sítio instantâneo da decisão e, assim, a contestação e o abrigo no ente. GA65MAC: 255
Acontecimento apropriador é: 1. O acontecimento da apropriação, o fato de que, na urgência, a partir da qual os deuses necessitam do seer, o seer com-pele o ser-aí à fundação de sua própria verdade e, assim, deixa o entre se essenciar, o acontecimento da apropriação do ser-aí por meio dos deuses e a apropriação dos deuses para eles mesmos em relação ao acontecimento apropriador. 2. O acontecimento apropriador do acontecimento da apropriação encerra em si a de-cisão: o fato de a liberdade como o fundamento abissal deixar surgir uma indigência, a partir da qual, como o impulso excessivo do fundamento, os deuses e o homem vêm à tona em sua separação. 3. O acontecimento da apropriação como de-cisão traz os cindidos para a contra-posição: para o fato de que esse um em relação ao outro da mais ampla e urgente decisão precisa se encontrar na mais extrema “oposição”, porque ele transpassa o a-bismo do seer usado. 4. A contra-posição é a origem da contenda, que se essencia, na medida em que ela desloca o ente de sua perdição para o interior da mera entidade. O des-locamento caracteriza o acontecimento apropriador em sua ligação com o ente enquanto tal. O acontecimento da apropriação do ser-aí deixa tal ente se tornar insistente no inabitual em face de todo e qualquer ente. 5. O des-locamento, porém, é, concebido a partir da clareira do aí, ao mesmo tempo a re-tração do acontecimento apropriador; o fato de ele se retrair em relação a todo cálculo representacional e se essenciar como recusa. 6. Por mais ricamente e sem imagem que o seer se essencie, ele se baseia de qualquer modo nele mesmo e em sua simplicidade. Com certeza, o caráter do entre (entre os deuses e o homem) poderia induzir em erro e levar a que tomássemos o seer como mera ligação e como consequência e resultado da ligação com o ligado. Mas o acontecimento apropriador é, sim, de qualquer modo, se já a caracterização é ainda possível, esse ligar, que traz os ligados pela primeira vez para si mesmos, para colocar no aberto dos decididos em contra-posição sua urgência e guarda, que eles não assumem pela primeira vez como propriedade, mas a partir dos quais, ao contrário, eles haurem sua essência. O seer é indigência dos deuses e, como essa indigência compelidora do ser-aí, ele é mais abissal do que tudo aquilo que pode se chamar de sendo e não se deixa mais denominar por meio do seer. O seer é usado, a urgência dos deuses, e, contudo, ele não pode ser deduzido a partir deles, mas é precisamente de maneira inversa superior a eles, na a-bissalidade de sua essência como fundamento. O seer se apropria do ser-aí em meio ao acontecimento e, no entanto, não possui a sua origem. Imediatamente, o entre se essencia como o fundamento dos contra-postos nele. Isso determina a sua simplicidade, que não se mostra como vazio, mas como o fundamento da plenitude, que emerge da contra-posição como contenda. 7. O simples do seer tem em si a cunhagem da unicidade. Essa não carece de modo algum do destaque e das diferenças, nem mesmo da diferença em relação ao ente. Pois essa diferença só é exigida, se o ser mesmo for marcado como uma espécie de ente e, com isso, não for nunca preservado como o único, mas sim vulgarizado e transformado no que há de mais universal. 8. A unicidade do seer fundamenta a sua solidão, de acordo com a qual ele lança unicamente em torno de si o nada, cuja vizinhança permanece sendo a mais autêntica e cuja solidão é resguardada da maneira mais fiel possível. De acordo com ela, o seer só se essencia constantemente de maneira mediatizada por meio da contenda de MUNDO E TERRA em relação ao “ente”. Em nenhuma dessas denominações a essência do seer deve ser pensada e, de qualquer modo, ele é pensado “completamente” em cada uma delas; “completamente” significa aqui: a cada vez, o pensar “do” seer é arrancado pelo seer mesmo e trazido para o interior de sua inabitualidade e priva de todos os auxílios buscados em explicações do ente. GA65MAC: 267
O seer se essencia como o acontecimento da apropriação dos deuses e do homem para a sua contra-posição. Na clareira do encobrimento do entre, que emerge do acontecimento da apropriação e com ele, acontecimento esse que se contrapõe à clareira, desponta a contenda entre MUNDO E TERRA. E somente no campo de jogo temporal dessa contenda chega-se à preservação e à perda do acontecimento da apropriação, entrando no aberto daquela clareira aquilo que é denominado o ente. GA65MAC: 268
De maneira incomparável, em contrapartida, e nunca tangível em conceitos e modos de pensar metafísicos, temos o projeto do seer como acontecimento da apropriação, projeto esse que experimenta a si mesmo como jogado e se mantém distante daquela aparência de ser um produto. Aqui se desentranha o seer naquela essenciação, com base na qual a abissalidade faz com que os contra-postos (deuses e homem) e os querelantes (MUNDO E TERRA) alcancem em sua história originária a sua essência entre o seer e o ente e admitam a denominação conjunta do seer e do ente apenas como o que há de mais questionável e de mais cindido. GA65MAC: 268
Com o projeto do seer como acontecimento apropriador também se pressente pela primeira vez o fundamento e, com isso, a essência e o espaço essencial da história. A história não é nenhum privilégio do homem, mas é a essência do próprio seer. A história só se desenrola no entre da contraposição dos deuses e do homem como o fundamento da contenda de MUNDO E TERRA; e ela não é outra coisa senão o acontecimento da apropriação desse entre. A historiologia nunca alcança, por isso, a história. A diferenciação entre o seer e o ente é uma de-cisão tomada a partir da essência do próprio seer que se estende muito para além, uma de-cisão que só pode ser pensada assim. GA65MAC: 268
Por que, contudo, precisamente essa contenda entre MUNDO E TERRA? Porque, no acontecimento apropriador, o ser-aí acontece de maneira apropriadora e se transforma na jurisdicionalidade do homem, porque o homem é chamado para a guarda do seer a partir da totalidade do ente. Como, porém, o elemento querelante, a partir do qual nós temos de pensar em termos da história do seer o homem e seu “corpo”, a “alma” e o “espírito”? GA65MAC: 269
Essa essência é o acontecimento apropriador enquanto o acontecimento apropriador, em cujo entre se estende por um lado de maneira querelante a contenda entre MUNDO E TERRA. Por outro lado, é só a partir dessa contenda que a terra chega até a sua essência (de onde e como a contenda?): o seer, o acontecimento da apropriação que entra uma vez mais em combate para a contraposição entre os deuses e o homem. GA65MAC: 270
Todo dizer sobre o seer (o dizer “do” seer, cf. O seer, 267. O seer (acontecimento apropriador), p. 453eseg.) precisa denominar o acontecimento apropriador, aquele entre do entrementes de deus e ser-aí, de MUNDO E TERRA, ;empre elevando ao cerne da obra afinadora com uma clareza intermediária e de maneira decisiva o fundamento-entre como a-bismo. Esse dizer não é nunca inequívoco no sentido da inequivocidade do discurso habitual, mas ele também não é como esse discurso apenas plurissignificativo e multissignificativo. Ao contrário, ele é unicamente denominador de maneira jurisdicional daquele entre do acontecimento querelante da apropriação. GA65MAC: 270
O seer é o acontecimento apropriador contestador, que reúne originariamente o que é por ele apropriado em meio ao acontecimento (o ser-aí do homem) e o que é por ele recusado (o deus) no abismo daquele entre, em cuja clareira MUNDO E TERRA contestam um ao outro o pertencimento de sua essência ao campo de jogo temporal, no qual chega à preservação aquele verdadeiro que se encontra em tal preservação como o “ente”. GA65MAC: 270
A linguagem se funda no silêncio. O silêncio é a mais velada retenção da medida. Ele mantém a medida, porquanto ele estabelece os critérios de medida. E, assim, a linguagem é estabelecimento de medidas no que há de mais íntimo e mais abrangente, estabelecimento de medidas como re-essenciação da junta fugidia e de sua junção (acontecimento apropriador). E uma vez que a linguagem é o fundamento do ser-aí, reside no ser-aí a comedida e, com efeito, como fundamento da contenda de MUNDO E TERRA. GA65MAC: 281