A repetição envolve, sugere SZ, uma conversa com um “herói” passado. Mais tarde, Heidegger fala de um “diálogo (Zwiegespräch) com filósofos, especialmente com Kant”. A questão é não simplesmente nos familiarizarmos com opiniões passadas, mas aqueles problemas filosóficos “só possuem sua vitalidade autêntica neste confrontamento histórico (Auseinandersetzung), uma história cujo evento encontra-se fora da sequência de acontecimentos” (GA31, 136s). Ainda mais tarde, um “diálogo” ou “conversa (Gespräch)” com os pensadores do “primeiro começo”, os gregos, é uma preparação essencial para o “outro começo” (GA65, 6, 169, 187, 432). Também precisamos repetir o primeiro começo. Mas isto não pode ser uma repetição exata: “o começo nunca pode ser concebido como o mesmo, já que ele concebe previamente (vorgreifend), e sempre estende (übergreift), de formas diferentes, essa concepção para além do que com ele começa e, assim, determina a sua própria Wieder-holung” (GA65, 55. Cf. 57, 73, 185,475, 504).
O diálogo não é inteiramente amigável: “Perguntar de novo (wiederfragen) a questão perguntada por Platão e Aristóteles (…) significa: perguntar mais originalmente do que eles. E — na história de tudo que é essencial — o privilégio e também a responsabilidade de todos os descendentes tornarem-se assassinos dos seus antepassados e estarem eles mesmos sujeitos ao destino de um assassinato necessário! Apenas então alcançamos o modo de colocar a questão na qual eles existiram numa proximidade dada sem esforço, mas a qual foram, por esta mesma razão, incapazes de elaborar em sua máxima transparência” (GA31, 37). (DH)