Gefäß, Gefäss, Gefäßes, receptáculo, Fassen, Fassende, recepção, recipiente
O ser coisa da jarra (Dinghafte des Kruges) está em ser ela um receptáculo (Gefäß). Enchendo a jarra, percebemos (147) logo o recipiente do receptáculo (Fassende des Gefäßes). Fundo e paredes se ocupam, claramente, da recepção (Fassen). Mas vamos devagar! Ao encher a jarra de vinho, será mesmo que vazamos o vinho nas paredes e no fundo? No máximo, derramamos o vinho entre as paredes e sobre o fundo. Parede e fundo são, certamente, o impermeável do receptáculo. Impermeável ainda não é, porém, recipiente (Fassende). Ao encher a jarra, o líquido vaza para dentro da jarra vazia. O vazio é o recipiente do receptáculo (Die Leere ist das Fassende des Gefäßes). O vazio, o nada na jarra, é que faz a jarra ser um receptáculo, que recebe.
E, não obstante, a jarra consta realmente de parede e fundo. E é com aquilo de que consta, que a jarra se põe e fica de pé. Pois, que seria de uma jarra que não ficasse em pé? Seria, no mínimo, uma jarra fracassada. Sem dúvida, ainda seria sempre jarra, a saber, um receptáculo, que recebe, mas, caindo continuamente, deixaria vazar o recebido. É que vazar só pode mesmo um receptáculo!
Parede e fundo, de que é feita a jarra e com que fica em pé, não perfazem propriamente o recipiente. Caso, porém, este estivesse no vazio da jarra, então, o oleiro, que molda, no torno, parede e fundo, não fabrica, propriamente, a jarra; ele molda, apenas, a argila. Pois é para o vazio, no vazio e do vazio que ele conforma, na argila, a conformação de receptáculo. O oleiro toca, primeiro, e toca, sempre, no intocável do vazio e, ao pro-duzir o recipiente, o con-duz à configuração de receptáculo. É o vazio da jarra que determina todo tocar e apreender da pro-dução (Die Leere des Kruges bestimmt jeden Griff des Herstellens). O ser coisa do receptáculo não reside, de forma alguma, na matéria, de que consta, mas no vazio, que recebe. (GA7:170-171; GA7CFS:146-147)
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