forger (ETEM)
Heidegger associa dichten a erdichten, “inventar, fabricar, construir”, e ausdichten, uma palavra usada por Nietzsche em sentido similar: Apesar de a bétula parecer diferente em diferentes estações, condições meteorológicas e perspectivas, eu a considero como sendo a mesma árvore, não por comparações elaboradas ou inferências a partir dos seus aspectos mutantes, mas eu “sempre já” a considerei como sendo a mesma árvore. Como a árvore idêntica a si mesma não me é de fato dada, o “pôr-se de algo ‘semelhante’ é uma invenção e fabricação (ein Erdichten e Ausdichten) (…); este caráter inventivo (dichtende) é a essência da razão e do pensamento. Antes de pensarmos (gedacht wird) em sentido usual, precisamos inventar (gedichtet werden)” (GA6T1, 583). Kant “foi o primeiro a especificamente observar e refletir sobre o caráter inventivo da razão, em sua doutrina da imaginação transcendental (Einbikdungskraft)” (GA6T1, 584. Cf. GA3, 80ss/54ss). Até mesmo as palavras usadas para indicar impressões sensoriais — “vermelho, verde, amargo etc.” — dependem da invenção de uma semelhança, mesmidade e constância, que não estão dadas na multiplicidade das sensações. “As categorias da razão são horizontes de invenção (Ausdichtung), uma invenção que primeiro encontra (einräumt) um lugar livre para o que nos vem ao encontro, no qual ele se estabelece e a partir do qual pode aparecer como algo constante, como um objeto (als ein Beständiges, als Gegenstand)” (GA6T1 587). Todo pensar, Denken, é dichtend, “inventivo”, mas nem todo pensar é dichterisch, “poético” , nem denkerisch, “atencioso”. Mas a grande filosofia é denkerisch-dichterisch, tanto atenciosa quanto poética (GA6T1, 472). (DH:145)