incalculável

O gigantesco é antes aquilo por meio do qual o quantitativo se converte em uma qualidade própria e, portanto, em uma maneira especialmente destacada do grande. Cada época histórica não é somente diferentemente grande com respeito às outras, mas, além disso, tem o seu próprio conceito de grandeza. Porém, enquanto o gigantesco da planificação, do cálculo, da disposição e do asseguramento dão um salto desde o quantitativo a uma qualidade própria, o gigantesco e aquilo que aparentemente sempre se pode calcular por completo, se converte precisamente, por isso, no incalculável. O incalculável passa a ser a sombra invisível projetada sempre ao redor de todas as coisas quando o homem se converteu em subjectum e o mundo em imagem.

Através desta sombra, o mundo moderno se situa a si mesmo em um espaço que escapa à representação e, deste modo, empresta ao incalculável a sua própria determinabilidade e seu caráter historicamente único. Porém esta sombra indica outra coisa cujo conhecimento nos está vedado na atualidade. O homem não poderá chegar a saber o que é isso que está vedado, nem poderá meditar sobre isso, enquanto se empenhar em continuar se movendo dentro da mera negação de sua época. Essa fuga para a tradição, entretecida de humildade e prepotência, não é capaz de nada por si mesma e se limita a ser uma maneira de fechar os olhos e cegar-se face ao momento histórico.

O homem somente chegará a saber o incalculável ou, o que é o mesmo, somente chegará a preservá-lo em sua verdade, através de um questionamento e configuração criadores baseados na meditação. Esta translada o homem futuro para esse lugar intermediário, para esse Entre, no qual pertence ao ser e, não obstante, permanece sendo um estranho dentro do ente. Hölderlin já o sabia. Seu poema intitulado “Aos Alemães”. Conclui com estas palavras:

Em verdade, nosso tempo de vida é Estreitamente limitado. Vemos e contamos as cifras de nossos anos. Porém a idade dos povos Que mortal os contemplou? Se tua alma ergue nostálgica o véu por cima De tua própria época, tu, por outro lado, permaneces triste Na fria ribeira Junto aos teus sem jamais conhecê-los. [DZW]