Personificando-se, por vezes, em alguns “homens de vontade”, a vontade de querer parece constituir irradiações dessas pessoas. Essa opinião nasce do pressuposto de que a vontade humana é a origem da vontade de querer. Na verdade, é o homem quem é querido pela vontade de querer, sem se dar conta da essência dessa vontade.
À medida que o homem é assim querido e regulado no querer da vontade, a sua essência passa necessariamente a interpelar a “vontade” e a liberá-la como instância da verdade. Por toda parte, torna-se questão se o indivíduo e os grupos provêm dessa vontade, ou se eles ainda podem negociar e comerciar com a vontade ou até contra ela, sem saber que já foram por ela suplantados. A unicidade do ser também se mostra na vontade de querer, só admitindo uma direção em que se pode querer. Advém daí a uniformidade do mundo da vontade de querer, tão distante da simplicidade do originário como é distante o desvio da via da essência, não obstante ambos se copertençam. [Superação da Metafísica, EC]