As pesquisas a seguir, portanto, iniciam-se com uma crítica da consciência estética, a fim de defenderem a experiência da verdade, que nos é proporcionada pela obra de arte, contra a teoria estética, que se deixa limitar pelo conceito de verdade da ciência. Elas, porém, não se contentam somente com a justificação da verdade da arte. Antes, procuram, desse ponto de partida, um conceito de conhecimento e de verdade, que corresponde ao todo de nossa experiência hermenêutica. Tal como na experiência da arte temos de nos haver com verdades que suplantam fundamentalmente o âmbito do conhecimento metódico, algo semelhante vale para o todo das ciências filosóficas, nas quais nossa tradição histórica, em todas as suas formas, é transformada em objeto de pesquisa, e acaba, porém e ao mesmo tempo, ela mesma manifestando-se em sua verdade. A experiência da tradição histórica vai fundamentalmente além do que nela é possível ser pesquisado. Ela não mostra apenas no sentido de verdade ou inverdade, sobre o que decide a crítica histórica — transmite sempre a verdade, da qual urge em parte tirar proveito. VERDADE E MÉTODO Introdução
Uma reflexão sobre o que é verdade nas ciências do espírito não deve ver-se refletida a partir de uma tradição, cuja vinculação lhe tenha escapado. Por isso, para a sua própria forma de trabalho, terá de apresentar a exigência de adquirir tanta autotransparência histórica quanto lhe for possível. Esforçando-se para entender o universo da compreensão, melhor do que parece possível sob o conceito de conhecimento da ciência moderna, a reflexão terá de procurar também um novo relacionamento com os conceitos que ela mesma utiliza. Terá de se conscientizar de que sua própria compreensão e interpretação não é nenhuma construção a partir de princípios, mas o aperfeiçoamento de um acontecimento que lhe vem de longe. Os conceitos de que se utiliza não poderão, por isso, ser reclamados sem questionamentos; terá, porém, de ser aceito o que lhe for trazido de herança do originário conteúdo significante de seus conceitos. VERDADE E MÉTODO Introdução