Mas o que significa, aqui, práxis? A aplicação de ciência como tal já é uma práxis? Toda a práxis é aplicação da ciência? Mesmo que em toda a práxis esteja incluída a aplicação científica, ambas não são idênticas, já que práxis não significa apenas a exequibilidade daquilo tudo que se possa fazer. Práxis é sempre também escolha e decisão entre possibilidades. Ela já carrega sempre uma relação com o “ser” do homem. Isso se reflete, por exemplo, no modo de falar impróprio: “O que você anda fazendo?”, que não pergunta sobre o que se faz, mas como se tem estado. Desse ponto de vista, apresenta-se um irredutível antagonismo entre ciência e práxis. A ciência, por essência, não finaliza — a práxis exige decisões imediatas. Desse modo, a incompletude de toda a ciência empírica não significa apenas que ela, com base na sua contínua disposição, trabalhe novas experiências e exija uma legítima pretensão de universalidade, mas também que ela nunca possa corresponder totalmente a essa pretensão de universalidade. A práxis exige o saber; quer dizer, porém, que ela é coagida a tratar o respectivo saber disponível como uma completude e um saber seguro. Mas o saber da ciência não é desse modo. É exatamente através disso que a ciência moderna se diferencia fundamentalmente do conjunto do saber antigo, o qual sob o nome “filosofia”, outrora, quer dizer, antes do limiar da Idade Moderna, concentrava aquele saber da humanidade. O saber da “ciência” não é concluído, portanto não pode ser chamado de doctrina. Ele se compõe de nada mais do que o respectivo estado da “pesquisa”.
Gadamer (1993:C1) – práxis
- Gadamer (1995/2000:276-277) – Sujeito
- Gadamer (1999:25) – hermenêutica, como teoria da experiência real
- Gadamer (GW10:325-327) – não fazemos, tudo sucede
- Gadamer (VM:176-179) – o jogo
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