Assim, aquele, para quem a Bíblia é verdade e revelação divina, já possui, antes de qualquer investigação da questão, “Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada?”, a resposta: todo ente, que não for Deus, é por Ele criado. Deus mesmo “é”, enquanto criador incriado. Quem se encontra no solo de uma tal fé, pode, sem dúvida, repetir e acompanhar a investigação de nossa questão. Não poderá propriamente investigá-la, sem negar-se a si mesmo, como crente, com todas as consequências de tal atitude. Poderá apenas fazer, como se… Por outro lado, porém, aquela fé, se constantemente não se expuser à possibilidade da descrença, também não será uma fé mas uma comodidade e um ajuste consigo mesmo, a ater-se sempre à doutrina, como a uma tradição qualquer. Nesse caso já não há nem investigação nem fé mas somente indiferença. Essa se poderá ocupar então, talvez até com muito interesse, de tudo, tanto da fé como da investigação.

Com essa alusão à proteção na fé, como um modo próprio de se estar na verdade, não se quer dizer naturalmente, que a citação das palavras bíblicas, “No começo criou Deus o céu e a terra etc…” represente uma resposta à nossa questão. Mesmo fazendo total abstração, se essa frase da Bíblia é ou não verdadeira para a fé, ela não representa de forma alguma uma resposta à nossa questão. Pois não possui nenhuma relação com a questão. E não possui, porque não pode assumir. O que propriamente se investiga em nossa questão, é uma loucura para a fé. (GA40)