De fora, toma-se a egoidade pela generalização posterior e a abstração do que constitui o eu (Ichhaften) a partir dos “eus” singulares do homem. Sobretudo Descartes pensa, manifestamente, o seu próprio “eu” como pessoa singular (res cogitans como substancia finita). Já Kant pensa a “consciência em geral”. Somente Descartes, no entanto, pensa também o seu próprio eu singular à luz da egoidade mesmo que ainda não pro-posta de maneira própria. Essa egoidade já aparece na configuração do certum, da certeza, que nada mais é do que o asseguramento do que se põe para a re-presentação. Já impera a referência velada à egoidade assumida como certeza de si mesma e do pro-posto. Somente a partir dessa referência pode-se fazer a experiência do eu singular como tal. Enquanto o si mesmo singularizado e em aperfeiçoamento o homem pode apenas querer a si mesmo à luz da referência a esse eu da vontade de querer, como tal ainda desconhecida. Nenhum eu se dá simplesmente “em si” (an sich) mas, ao contrário, só é “em si” enquanto o que se manifesta “dentro de si” (in sich), ou seja, como egoidade.
Por isso, esta também vigora onde o eu singular nunca chega a se salientar, onde ao invés se retrai no predomínio do social e de outras formas de agregação. Aqui e justamente aqui se oferece a pura dominação do “egoísmo”, a ser pensado metafisicamente e longe da compreensão ingênua do “solipsismo”. [Superação da Metafísica, EC]