divino

Não obstante a diferença quanto ao modo e o grau de clareza, ambas as “estórias” indicam que no pensamento do pensador vigora uma proximidade dos deuses. Pode-se esclarecer a afirmação segundo concepções posteriores da metafísica e observar que, ao representar a totalidade do mundo, o pensamento dos pensadores também representa, necessariamente, o fundamento universal do mundo, ou seja, o divino num sentido vasto e indeterminado. Pode-se também demonstrar facilmente que em toda a metafísica – de Platão a Nietzsche – predomina um momento teológico, ao se pensar o “divino” como causa universal do mundo. Este é também o fundamento de um acontecimento de alcance inestimável na história do Ocidente. Referimo-nos à relação recíproca entre metafísica e cristianismo. Seria bom afastar desde o início desta preleção as conotações teológicas do pensamento originário e, com isso, a opinião de que a teologia determinou o início da filosofia. Pois os deuses e o divino da Antiguidade grega não se prestam a uma teologia, mesmo quando se toma o termo em sentido amplo e não apenas como explicação racional e ordenamento da doutrina de uma “religião” dada. Não existe, absolutamente, “religião” grega. A palavra religio e o que ela designa são essencialmente romanos. Por não existir nenhuma “religião” grega, também não existe nenhuma “teologia” grega. [GA5 28]