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crença
quarta-feira 13 de dezembro de 2023
Glaube
O que significa o termo “CRENÇA” segundo o seu conceito formal e ainda indeterminado em sua respectiva configuração? Nietzsche caracteriza a essência da CRENÇA com as seguintes palavras:
“O que é uma CRENÇA? Como ela surge? Toda CRENÇA é um tomar-por-verdadeiro [Für-wahr-halten]” (A vontade de poder, n. 15; 1887).
Dessas palavras só conseguimos retirar uma coisa. No entanto, essa coisa é a mais importante: crer significa tomar algo representado por verdadeiro e visa, com isso, ao mesmo tempo, ao se manter junto ao verdadeiro e no verdadeiro [Sichhalten an das Wahre und im Wahren]. Na CRENÇA não reside apenas a ligação com aquilo em que se crê, mas antes de tudo com aquele que crê. O tomar-por-verdadeiro é o reter-se [Sichhalten] no verdadeiro, e assim um reter-se no sentido duplo: ter um apoio [Halt] e conservar uma postura [Haltung]. Esse reter-se recebe sua determinação do que é estabelecido como o verdadeiro. Nesse contexto permanece essencial saber como, afinal, a verdade do verdadeiro [Wahrheit des Wahren] é concebida e que relação se dá entre o verdadeiro e o reter-se no verdadeiro a partir desse conceito de verdade. Se o reter-se na verdade é um modo de ser da vida humana, só conseguiremos decidir sobre a essência da CRENÇA e sobre o conceito nietzschiano de CRENÇA em particular se tivermos clareza quanto à sua concepção de verdade enquanto tal e à sua relação com a “vida” [Leben], o que significa, ao mesmo tempo para Nietzsche , com o ente na totalidade. Sem uma concepção suficiente da concepção nietzschiana da CRENÇA, só muito dificilmente ousaremos dizer, por conseguinte, o que significa para ele a palavra “religião” [Religion], quando ele denomina o seu pensamento mais pesado “a religião das almas mais livres, mais serenas e mais sublimes”. Tampouco podemos compreender a liberdade aqui citada, assim como a “serenidade” [Heiterkeit] e o “caráter de sublime” [Erhabenheit], segundo as nossas representações correntes e fortuitas.