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Todo vigente dura. Mas será mesmo que só é duradouro o que perdura e permanece? Será mesmo que a essência da técnica vige no sentido da duração de uma ideia que paira acima de tudo que é técnico, a ponto de se formar a aparência: o termo “a técnica” é uma abstração mítica? Ora, só se pode perceber, como vige a técnica, pela continuidade da duração em que a com-posição se dá e acontece em sua propriedade, no envio de um descobrimento. Goethe chegou a usar [Goethe, Die Wahlverwandschaften (Afinidades eletivas). parte II, cap. 10, da novela “Die wunderlichen Nachbarskinder” (“Os prodigiosos filhos do vizinho”)] no lugar de “fortwähren”, perdurar, a palavra misteriosa “fortgewähren”, continuar a conceder. Sua escuta ouve, nesta palavra, uma harmonia implícita de continuidade entre “währen”, durar, e “gewähren”, conceder. Ora, se pensarmos agora [34] de modo mais profundo do que até aqui, o que dura propriamente e talvez até unicamente, deveremos, então, dizer: somente dura o que foi concedido. Dura o que se concede e doa com força inaugural, a partir das origens.