A determinação da coisidade da coisa como sendo a substância (Bestimmung der Dingheit des Dinges als der Substanz) com os seus acidentes (Akzidenzien) parece corresponder, de acordo com o parecer usual do nosso olhar natural, às (próprias) coisas (Ding). Não é de espantar que também o procedimento usual para com as coisas, quer dizer, o dirigir-se (Ansprechen) a elas e o falar acerca delas, se tenha adaptado a esta perspectiva habitual acerca das coisas. A enunciação (Aussagesatz) simples é constituída pelo sujeito (Subjekt) – que é a tradução (Übersetzung) latina, e isso significa, ao mesmo tempo, uma reinterpretação (Umdeutung), de ὑποκείμενον (hypokeimenon) – e pelo predicado (Prädikat), pelo qual são expressas as notas características da coisa. Quem se atreveria a abalar estas simples relações fundamentais entre coisa e proposição (Ding und Satz), entre a estrutura da proposição e a estrutura da coisa (Satzbau und Dingbau)? Ainda assim, temos de perguntar: será que a estrutura da enunciação simples (a ligação de sujeito e predicado) é reflexo da estrutura da coisa (da união da substância com os acidentes)? Ou acontece, porventura, que é a estrutura da coisa assim representada que é projectada de acordo com o plano da proposição? (GA5BD:16)