clareira para o encobrimento

Lichtung für die Verbergung

Na medida, porém, em que aquele que re-presenta é o que re-presenta a si mesmo, esse encontrar-se fora é apenas repetido e recolhido a esse mesmo, de tal modo que permanece dissimulado o que distingue o ser-aí, justamente ser o aí, a CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO, na jurisdicionalidade da determinação de sua ipseidade como fundação da verdade no ente. [tr. Casanova; GA65: 193]

Se dizemos que a verdade é CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO, então apenas indicamos com isso a essenciação, na medida em que a essência é denominada. Ao mesmo tempo, porém, essa denominação deve indicar que a interpretação da essenciação da verdade se encontra na lembrança da aletheia, isto é, não na mera palavra literalmente traduzida, em cujo âmbito, então, uma vez mais, entra em cena a concepção tradicional, mas na lembrança da aletheia como o nome para o primeiro reluzir da própria verdade e, com efeito, necessariamente na unidade com a denominação inicial do ente enquanto physis. [tr. Casanova; GA65: 218]

A indicação da essência, contudo, precisa saber que a CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO precisa se desdobrar tanto com vistas ao tempo-espaço (abismo), quanto com vistas à contenda e ao abrigo. [tr. Casanova; GA65: 218]

O verdadeiro: o que se encontra na verdade e que, assim, se torna o que é ou o que não é. Verdade: a CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO (verdade como a não verdade), em si querelante e nula, que se mostra como a intimidade originária, e isso porque. Verdade: verdade do seer como acontecimento apropriador. O verdadeiro e ser o verdadeiro são ao mesmo tempo em si o não verdadeiro, o dissimulado e suas modulações. A essenciação da verdade. [tr. Casanova; GA65: 220]

A aletheia tem em vista o desvelamento e o desvelado mesmo. Já nesse ponto é indicado que o próprio encobrimento só é experimentado como o que precisa ser afastado, o que precisa ser levado embora (a-). E, por isto, o questionamento também não se remete ao próprio encobrimento e ao seu fundamento; e, por isso, inversamente, o desencoberto também só se torna essencial enquanto tal; uma vez mais não o desencobrimento, e esse mesmo como clareira, na qual, então, em geral, o encobrimento mesmo ganha o aberto. Por meio daí, contudo, o encobrimento não é suspenso, mas se torna antes apreensível em sua essência. Por isto, a verdade como a CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO é um projeto essencialmente diverso da aletheia, apesar de esse projeto pertencer precisamente à lembrança da aletheia e de ela se mostrar em relação com ele. [tr. Casanova; GA65: 226]

A CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO como essência originária-unificadora é o abismo do fundamento, como o qual o aí se essencia. A concepção fatídica: “a verdade é a não verdade” permanece por demais mal interpretável, para que ela pudesse mostrar com segurança a via correta. Todavia, ela deve indicar o elemento estranho que reside no novo projeto da essência – a CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO e isso como essenciação no acontecimento apropriador. Que retenção jurisdicional do ser-aí é requisitada com isso hierarquicamente, se essa essência da verdade deve chegar a ser sabida como o originariamente verdadeiro? Agora também fica mais clara pela primeira vez a origem da errância e o poder e a possibilidade do abandono do ser, o encobrimento e a di-ssimulação; o domínio do não fundamento. O mero aceno para a aletheia com vistas à explicação da essência da verdade, essência essa colocada aqui como fundamento, não nos ajuda a seguir adiante porque, na aletheia, precisamente o acontecimento do desencobrimento e do encobrimento não são experimentados e concebidos como fundamento, uma vez que, sim, o questionar continua sendo determinado a partir da physis, o ente enquanto ente. [tr. Casanova; GA65: 226]

As coisas são diversas, porém, no que concerne à CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO. Aqui nos encontramos na essenciação da verdade, e essa é verdade do seer. A CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO é já a oscilação da contraoscilação da viragem do acontecimento apropriador. Mas as tentativas até aqui em Ser e tempo e nos escritos seguintes de impor essa essência da verdade contra a correção do re-presentar e do enunciar como fundamento do próprio ser-aí precisavam permanecer insuficientes, porque elas foram sempre realizadas a partir da repulsae, com isso, porém, tinham sempre o re-pelido como ponto de mira, tornando impossível saber a essência da verdade desde o seu fundamento, desde o fundamento como o qual ela mesma se essencia. Para que se tenha sucesso nesse empreendimento é necessário não reter mais o dizer sobre a essência do seer, seguindo uma vez mais a partir da opinião de que se poderia, apesar da intelecção da necessidade do projeto que salta para frente, abrir por fim de qualquer modo, a partir do que se deu até aqui, gradualmente um caminho para a verdade do seer. Isso, porém, precisa sempre fracassar. E o novo perigo se torna tão forte, que o acontecimento apropriador se transforma agora ao mesmo tempo apenas em um nome e em um conceito manuseável, a partir do qual algo diverso poderia ser “deduzido”, mas que precisa, porém, ser dito dele; uma vez mais, contudo, não destacado em uma discussão “especulativa”, mas na meditação exigida, mantida pela indigência do abandono do ser. [tr. Casanova; GA65: 226]

O a-bismo como o ficar de fora do fundamento deve ser, porém, a essenciação da verdade (do encobrimento clareador). Permanecer de fora do fundamento: isso não é a ausência da verdade? Mas o renunciar-se hesitante é, contudo, precisamente CLAREIRA PARA O ENCOBRIMENTO, e, com isso, presentação da verdade. Com certeza, “presentação”; todavia, não sob o modo como algo presente à vista se presenta, mas essenciação daquilo que fundamenta de início a presença e a ausência do ente, e não apenas isso. [tr. Casanova; GA65: 242]