Categoria: Ser e Tempo (SZ/GA02)

  • A caracterização do ser para a morte existenciariamente projetado e próprio pode ser resumida da seguinte forma: o adiantar-se desvenda para o Dasein sua perda em a-gente mesma e leva-o ante a possibilidade de ser si mesmo, sem o apoio primário da ocupada preocupação-com-o-outro e de o ser numa liberdade apaixonada, livre das ilusões de…

  • Que é aquilo de que se discorre no apelo da consciência, isto é, que é intimado? E manifesto que é o Dasein ele mesmo. Resposta que é tão incontestável como indeterminada. Se o apelo tivesse uma meta tão vaga, então ao Dasein restaria quando muito uma ocasião de prestar atenção a si. Porém, à essência…

  • O Dasein existe, no entanto, sempre cada vez factualmente. Ele não é um ente que-se-projeta flutuando-livremente-no-ar, mas, determinado pela dejecção como factum do ente que ele é, ele já foi cada vez e permanece constantemente entregue à existência pela-qual-responde. Mas a factualidade do Dasein distingue-se [757] essencialmente da factualidade de um subsistente. O Dasein existente…

  • O entender o apelo, ouvindo-o existencialmente, é tanto mais próprio quanto mais irrelativamente o Dasein ouve e entende o seu ser-intimado, e quanto menos o que a-gente diz, ouve e vale deturpe o sentido do apelo. E que há de essencial na propriedade do entender o intimar? Que é dado a entender essencialmente cada vez…

  • O “ser culpado” é tomado de pronto pela entendibilidade cotidiana, no sentido de “ter de pagar uma conta”. Deve-se devolver a outrem algo que ele pretende. Esse “ser culpado” como “ter dívida” é um modo do ser-com com outros, no campo da ocupação como prover, fornecer. Modi desse se ocupar são também subtrair, tomar emprestado,…

  • Entretanto, há na ideia de “culpado” o caráter do não. Se o “culpado” deve poder determinar a existência, com isso surge então o problema ontológico de elucidar existenciariamente o caráter-de-não desse não. Além disso, pertence à ideia de “culpado” o que no conceito de culpa é expresso indiferentemente como “ser-responsável de”, ser-fundamento para… A ideia…

  • Ser-resoluto significa: deixar-se-apelar-para-adiante, para o ser-culpado-mais-próprio. O ser-culpado pertence ao ser do Dasein ele mesmo, que determinamos primariamente como poder-ser. Que o Dasein “é” constantemente culpado só pode significar que ele se mantém cada vez nesse ser como existir próprio ou existir impróprio. O ser-culpado não é somente uma qualidade remanescente de algo constantemente subsistente,…

  • Falatório, curiosidade e ambiguidade caracterizam o modo em que o Dasein é cotidianamente o seu “aí”, o qual é a abertura do ser-no-mundo. Esses caracteres, como determinidades existenciárias, não são subsistentes no Dasein, mas constituem o seu ser. Neles e em sua conexão conforme-ao-ser, desvenda-se um modo-de-ser fundamental do ser da cotidianidade, a que damos…

  • O que se pressupõe não é demasiado, mas demasiado pouco para a ontologia do Dasein, quando se “parte” de um eu desprovido de mundo, para só então lhe atribuir um objeto e uma relação a este, destituída de fundamento ontológico. De bem curto alcance é o olhar quando se faz da “vida” um problema e…

  • [Dessa caracterização do Dasein] resultam dois pontos: 1. A “essência” desse ente reside em seu ter-de-ser 1. O ser-que (essentia) desse ente, na medida em que em geral disso se pode falar, deve ser concebida a partir do seu ser (existentia). Nisso está precisamente a tarefa ontológica de mostrar que, ao escolhermos para o ser…