Categoria: Ser e Tempo (SZ/GA02)

  • Sua possibilidade mais-própria, irremetente e insuperável, o Dasein não a cria para si posteriormente e de modo circunstancial, no curso do seu ser. Mas se o Dasein existe, ele já está também dejectado nessa possibilidade. Que ele [691] seja entregue a sua morte sob sua responsabilidade, que ela pertença, assim, ao ser-no-mundo, é algo de…

  • Mas tentação, tranquilização e alienação caracterizam o modo-de-ser do decair. O cotidiano ser para a morte é, como decair, uma constante fuga dela. O ser para o final tem o modus de um esquivar-se desse final, dando-lhe outro sentido, entendendo-o impropriamente, encobrindo-o. Que o Dasein próprio já morra sempre cada vez factualmente, a saber, que…

  • Estar-certo de um ente significa: tê-lo por verdadeiro como verdadeiro. Mas verdade significa o ser-descoberto do ente. Mas todo ser-descoberto se funda ontologicamente na verdade mais-originária: na abertura do Dasein 1. O Dasein como ente aberto-abridor e descobridor é, essencialmente, “na verdade”. Mas a certeza se funda na verdade ou a ela pertence com igual…

  • O modus da certeza é a convicção. Nela o Dasein pode ser determinado unicamente pelo testemunho da coisa descoberta (verdadeira) ela mesma. O ter-por-verdadeiro [assentir] como manter-se-na-verdade somente é suficiente quando se funda no ente descoberto ele mesmo e se, como ser-para o ente assim descoberto, tornou-se transparente quanto a sua [705] adequação a esse…

  • O Dasein cotidiano no mais das vezes encobre a possibilidade mais-própria, não-relativa e insuperável de seu ser. Essa factual tendência-para-o-encobrimento confirma a tese de que o Dasein como factual está na “não-verdade”1. Por conseguinte, a certeza pertencente a tal encobrimento do ser para a morte deve ser um ter-por-verdadeiro inadequado e não algo assim como…

  • A-gente diz: a morte certamente vem, mas por ora ainda não. Com esse “mas” a-gente nega certeza à morte. O “por ora ainda não” não é uma proposição meramente negativa, mas uma interpretação que a-gente dá-de-si-mesma e com a qual ela se reporta ao que de imediato ainda permanece acessível ao Dasein e de que…

  • O ser-para-a-morte se funda na preocupação. Como dejectado ser-no-mundo, o Dasein já é cada vez responsável por sua morte. Sendo para sua morte, ele morre factualmente e sem dúvida constantemente, enquanto não chega ao seu deixar-de-viver. Que o Dasein morre factualmente significa ao mesmo tempo que, em seu ser-para-a-morte, ele já se decidiu sempre desta…

  • Também no aguardar, o Dasein se comporta em relação à possibilidade de um possível. No tender para um possível, este pode vir-de-encontro desimpedido e sem restrição em seu “talvez sim, talvez não, ou talvez finalmente sim”. Mas no fenômeno do aguardar, a análise não desviará a busca para aquele modo-de-ser de relacionar-se ao possível já…

  • A morte é a possibilidade mais-própria [eigenste Möglichkeit] do Dasein. O ser para a morte abre para o Dasein seu poder-ser mais-próprio, no qual o ser do Dasein está pura e simplesmente em jogo. Nisso pode se tornar manifesto para o Dasein que, na assinalada possibilidade de si mesmo, ele é subtraído à-gente, isto é,…

  • No adiantar-se para a morte certa indeterminada, o Dasein se abre para uma constante ameaça que surge do seu “aí” ele mesmo. O ser para o final deve nela se manter e não pode ficar cego para ela, devendo, ao contrário, desenvolver a in-determinação da certeza. Como é existenciariamente possível a abertura genuína dessa constante…