Categoria: Fenomenologia Hermenêutica

  • No entanto, em meados da década de 1930, Nietzsche estava muito mais próximo do centro das atenções de Heidegger do que Husserl (por mais que Heidegger estivesse familiarizado ou não com as mudanças nos textos de Husserl durante esse período). No mesmo semestre em que Heidegger apresentou “A Origem da Obra de Arte” (GA5) em…

  • O que dizer de Canção da Terra (de Michel Haar)? Essas palavras podem ser reescritas sem o itálico que as faz funcionar como um título? Esse texto é uma canção da terra? Ou pelo menos se torna, em certos momentos, uma canção da terra? É claro que não é a canção, pois há outras, não…

  • Temos a tendência de presumir que o mundo poderia ser diferente, tanto no que diz respeito à nossa vida pessoal quanto à coletiva. Acreditamos que a vida não é uma questão de destino; ela pode ser mudada. O indivíduo é autodeterminante. As noções de revolução e utopia também se baseiam na ideia de que o…

  • A esfera pública é para Heidegger, em princípio e sempre, um espaço de falsidade e alienação. É surpreendente que o filósofo nunca tenha reconhecido uma necessidade essencial de sua existência, diferentemente de, por exemplo, Rousseau, que, mesmo dando-se conta da primazia do amor próprio na sociedade, nunca o considerou inteiramente negativo. Em Heidegger, a esfera…

  • A questão da afetividade é: Como as coisas podem me tocar (geht mich an)? “Angehen” é traduzido nas versões em inglês de Being and Time como ‘to matter’ (importar), como em: Como as coisas podem ser importantes para mim? Heidegger dá uma resposta curta: “O fato de que esse tipo de coisa” — ou seja,…

  • Comecemos com o fato de que as entidades são significativas. Dizer que as entidades são significativas é dizer que elas aparecem para nós de forma inteligível no contexto do que estamos fazendo. Antes de tudo, encontramos entidades não como objetos, mas como parafernálias com as quais “lidamos” (Umgang), “manipulamos” e “colocamos em uso” (SZ: 66-7)…

  • (…) Atualmente, a literatura sobre sonhos e seus significados é abundante. Os sonhos são sempre entendidos como mensagens codificadas, como sinais escritos em uma linguagem misteriosa, que somente o especialista e o expert estão aptos a decodificar. Não importa o quanto sejam indiretos ou velados, sempre se pensa que os sonhos falam de algo, especialmente…

  • (…) o que Heidegger diz anteriormente em sua “Carta”, como resposta à primeira pergunta de Beaufret: “Como podemos, mais uma vez, dar algum sentido à palavra humanismo?” (GA9; W, 147; BW, 195). Ali, Heidegger discute a definição tradicional de ser humano como ζωον λόγον εχον, racionalidade animal, o vivente que possui fala. Esse vivente tem…

  • Pergunta: A “maior proximidade” que Aristóteles cita1 — como ela se compara ao que Heidegger chama de proximidade com Deus? Essa proximidade é a questão do fragmento B 119 de Heráclito, ήθος άνθρώπω δαίμων. O daimon de todos os seres vivos é um deus, θεός? Esse daimon ou deus está vivo? Ou não é o…

  • Early in the “Letter on Humanism” (GA9) Heidegger writes: Of all the beings that are, presumably the most difficult to think are living creatures (das Lebe-Wesen), because on the one hand they are in a certain way most closely akin to us (uns . . . am nächsten verwandt), and on the other hand are…

  • É claro agora que, de fato, ao contrário da atitude teórica natural cujo correlato é o mundo, uma nova atitude deve ser possível, a qual, mesmo quando toda a natureza física foi posta fora de circuito, deixa subsistir algo, a saber todo o campo da consciência absoluta. Portanto, em lugar de viver ingenuamente na experiência…

  • Quando me represento o deus Júpiter, este deus é um objeto representado, está «presente de uma maneira imanente» no meu ato, tem nele uma «existência mental». Quaisquer outras que sejam as expressões que possamos empregar, uma interpretação estrita revela-las-á errôneas. Represento-me o deus Júpiter quer dizer que tenho um certo vivido de representação, que na…

  • A ciência é uma obra espiritual do homem que pressupõe como ponto de partida, historicamente e também para quem quer que a estude, o mundo ambiente da vida, mundo da intuição universalmente pré-dada como existente; mas além disso, na sua aplicação e no seu desenvolvimento, a ciência pressupõe também continuamente este mundo ambiente enquanto se…

  • Se refletimos nos efeitos da evolução das ideias filosóficas sobre toda a humanidade (aquela que não se ocupa ela mesma dos problemas filosóficos), devemos dizer: só a compreensão interna do vai e vem da filosofia moderna, de Descartes aos nossos dias, uniforme apesar de todas as suas contradições, torna possível uma compreensão do nosso próprio…

  • Na reflexão natural que se efetua na vida corrente, mas também em psicologia (portanto, na experiência psicológica dos meus próprios estados psíquicos), somos colocados no terreno do mundo, do mundo posto como existente. É assim que enunciamos na vida corrente: «Vejo além uma casa», ou ainda: «Lembro-me de ter ouvido esta melodia», e assim de…

  • A ciência moderna procede da idealização, quer dizer da determinação segundo a exatidão matemática, de tudo o que no mundo da vida, a Lebenswelt, permanece irredutivelmente imerso no flou eidético, na indeterminabilidade ao menos relativa mas sempre indefinidamente aberta dos seres e das coisas. Esta idealização que procede de alguma maneira da hipótese do espaço…

  • As already mentioned, Metzinger also employs the term “neurophenomenology”. This term was originally coined by Francisco Varela, who gave it a precise definition and envisaged it as a novel approach in cognitive science. According to Varela, neurophenomenology is an approach that rejects representationalist and computationalist accounts of consciousness and cognition, and which considers the data…

  • Weber had outlined his particular approach in a set of paradigmatic statements, published in their final form only after his death. He started by defining sociology as “a science which attempts to understand social action interpretatively and, thereby, to explain it causally in its course and effects.” Action is human conduct which may consist of…

  • A ciência é, pois, um diálogo com a realidade, instituído pelo homem. Um diálogo que convoca o real a vir à presença do espirito em modelos funcionais ou operativos. No modelo, a realidade aparece como «científica». Antes de entrar na malha do modelo, era a-científica. No instante em que se torna científica, ela perde sua…

  • As ciências nem sempre existiram. Elas são histórias, isto é, são obra do homem, são criação do espírito humano. As razões de seu aparecimento parece que radicam na estrutura «objetivante» da inteligência e na «vontade-de-poder» do homem. A inteligência ocidental, talvez por obra de seu mestre-educador, o grego, se esmerou sobretudo na capacidade de representar…