Categoria: Fenomenologia Hermenêutica
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(…) A essência no sentido verbal, o Wesen heideggeriano, seria em todos os casos «não conteúdo, mas sim condição de possibilidade»1; seria para ser entendida como envasamento «formal» que torna possível «qualquer preenchimento material»2. Ora parece-me que uma definição deste tipo só se aplica à essência do Dasein, tal como é apresentada no Sein und…
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Vimos-o claramente no caso do kairos. A experiência cujo texto de São Paulo testemunha, marca solidamente a obra heideggeriana; é aquilo que é geralmente reconhecido. Resta saber como interpretá-lo. Lehmann que se dedica a isso, coloca à partida a questão certa: «Visto as repercussões no Sein und Zeit da experiência da própria história do cristianismo…
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A primeira destas figuras é a da verdade. Primeira, não no tempo da obra (apanhada na sua configuração de conjunto, é pelo contrário uma das mais tardia), mas por ser a única onde Heidegger não se limita em cumprir o movimento em questão: pensa nele e explicita-o, enuncia a sua lei. É a razão pela…
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(Derrida) Mostra como Heidegger, após ter retrocedido do spiritus para o pneuma, acaba (no texto de 1953) por transpor os limites do próprio pneumático no sentido do fogo: nesse fogo do espírito, Derrida reconhece «o caminho da delimitação ou da partilha que teria de passar segundo Heidegger, por uma determinação grega ou cristã, ver onto-teológica,…
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Perante a concepção dominante, em que consiste então a «experiência» impensável? No caminho traçado pelo curso de 1952 (GA8), é balizada por duas palavras, que permitem esclarecer o radical Denken: a memória (Gedächtnis) e o reconhecimento do sentido de agradecimento (Dank). Mas tratasse aqui apenas, do quadro mais geral. Queria dentro deste quadro, restabelecer as…
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(…) Zubiri no habla, naturalmente, del ser como lo último y radical, sino de la realidad. Pero, por el momento, no nos fijemos en esta diferencia, y hablemos como si lo que Zubiri llama realidad fuera lo mismo que Heidegger denomina el ser. Pues bien, en alguno de sus textos más profundos y brillantes, Zubiri…
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Cuando Heidegger habla en Ser y tiempo de la verdad más originaria, piensa en el abrir radical en que consiste el ser del Dasein. Pero uno tiene que preguntarse: ¿qué es ese abrir mismo? ¿Qué es la aperturidad (Erschlossenheit) del Dasein? Que el Dasein sea constitutivamente “abierto” no quiere decir tan sólo que el Dasein…
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La analítica del Dasein será entonces un análisis de este ente particularísimo, hecho con vistas a descubrir los momentos estructurales que hacen de él el ente que es. En un primer esbozo, Heidegger lo describe a grandes rasgos, al comienzo del § 9 (ET9), diciendo: “El ente cuyo análisis constituye nuestra tarea lo somos cada…
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“La ‘esencia’ de este ente (Dasein) consiste en su tener-que-ser Zu-sein. El ‘qué’ (essentia) de este ente, en la medida en que se puede siquiera hablar así, debe concebirse desde su ser (existentia)” (SZ:67). ¿Qué quiere decir esto? Quiere decir que, si queremos aprehender el “qué” del Dasein, no podemos prescindir de su existir. En…
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Pero, en la Jemeinigkeit, además de la absoluta singularidad ejecutiva, hay otro aspecto distinto, que está íntimamente relacionado con el primero: el momento de la “meinigkeit”, de la “meidad”, si se me permite esta palabra horrible. La meidad es el factum de ser mío. ¿Qué quiere decir esto de “mío”? Quiere decir que el Dasein…
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Dejemos ahora de lado el momento de limitación de la Geworfenheit, del estar arrojado, y quedémonos en que, arrojado y todo, el Dasein se posee de alguna manera a sí mismo. A este autoposeerse es a lo que la tradición llamó siempre el “carácter de persona” del ser humano, es decir, el hecho de ser…
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(…) Lo grave, sin embargo, es que se puede ser propio de diferentes maneras: una de ellas consiste en ser propio en la forma del dejarse-ser desde el estar-con otros (Mitsein). Este estar-con los demás es constitutivo del Dasein. El Dasein es siempre sí-mismo estando con otros. Jamás es sí-mismo en una especie de soledad…
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Ahora bien, estando con los otros (Mitsein), el Dasein puede ser sí-mismo no desde lo más propio de sí mismo (eigentlich), no desde lo propísimo de su ser, sino desde lo im-personal que es de todos sin ser “propiamente” de nadie. Hace lo que “se” hace, dice lo que “se” dice, repite lo que todos…
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Por lo pronto, el Dasein existe ordinariamente de una manera tal que, sin darse de ello siquiera cuenta, falsifica su propio ser. Inmediata y regularmente, el Dasein se comprende a sí mismo de una manera inadecuada, y esto quiere decir: interpreta su ser (no sólo teórica, sino, sobre todo, vitalmente) de un modo que lo…
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Uma aura esotérica há muito tempo paira em torno dessa obra póstuma. Anunciada como a mais importante de uma série de tratados inéditos do “segundo” Heidegger, se não como sua “verdadeira magnum opus” (O. Pöggeler) ou sua “segunda obra capital” (F.-W. von Herrmann), ela guarda os segredos de seu pensamento e fornece a chave para…
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Outros afloramentos desse conceito (de cura (Sorge)) podem ser encontrados no pensamento antigo, por exemplo, quando Sêneca examina a maneira pela qual os animais estão cientes de sua constitutio (= systasis, cf. Diógenes Laërce, VII, 85). Todos os seres vivos são adaptados a isso (conciliari — oikeiosis, cf. Moraux (1973), 316-330) e à sua constituição…
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Assim, podemos retornar ao texto da Ética a Nicômaco mais bem equipados para perceber seu pano de fundo. Com isso, quero dizer tudo o que, na prudência (phronesis), penetra em seu fundamento, que é a preocupação (phrontis; Sorge). Preocupação, lembremos, é acima de tudo o sentimento de que as coisas me dizem respeito, e de…
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(…) o passo que nos permite concluir da perpetuidade da atividade humana para a existência de uma atividade própria do homem não teria sido possível se o filósofo (Aristóteles) não tivesse em mente essa “atividade” que nunca deixamos de exercer, e que é a vida como presença no mundo. É o que “fazemos aqui” —…
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As passagens em que Aristóteles trata ex professo da linguagem não são as que mais aprendemos sobre a sua natureza. No início do De interpretatione, a linguagem é definida como símbolo (symbolon): “Os sons emitidos pela voz (ta en tei phonei) são os símbolos dos estados da alma (pathemata tes psykhes) e as palavras escritas,…
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2) A expressão als-was, que pode ser traduzida como-algo, enquanto, enquanto algo ou como-que, forma um dos principais núcleos da transformação hermenêutica da fenomenologia empreendida por Heidegger durante esse estágio frutífero da incubação de Ser e Tempo. O que é essa ideia? A premissa ontológica de que toda experiência e todo fenômeno está inscrito em…