O pensamento constrói na casa do Ser. Nessa, e como tal, as junturas (die Fuge) do Ser dis-põem numa con-juntura, sempre de acordo com o destino Histórico, a Essência do homem a morar na Verdade do Ser. Esse morar constitui a Essência do ‘ser-no-mundo’ (Cf. Ser e Tempo. p. 54). A indicação que aí se faz do “ser-no-mundo” como sendo “morar” não é um simples jogo etimológico. A referência, feita na Conferência de 1936, à palavra de Hölderlin, “cheio de méritos, todavia, é poeticamente que mora o homem sobre essa terra”, não é enfeite para um pensamento, que se salva, fugindo da ciência para a poesia. Falar-se da casa do Ser não é uma transposição da imagem da “casa” para o Ser mas é a partir da Essência do Ser, pensada devidamente (sachgemaes) que, um dia, poderemos então pensar o que é “casa” e “morar”.
Sem embargo, o pensamento nunca cria a casa do Ser. Ele apenas acompanha a ec-sistência Histórica, isto é, a humanitas do homo humanus, para o domínio onde surge o salvo (das Heile). (CartaH)